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sexta-feira, 3 de abril de 2015

Capítulo 9 - Primeira parte

                                           9. Venatores o quê?


Ao acordar naquela atípica manhã de segunda-feira, descobri que tinha dormido com o medalhão em minha mão. Tinha sido bem difícil pensar em outra coisa e também conciliar o sono depois do que ocorreu. Por um lado eu estava de certa forma feliz por poder dividir o que estava passando com alguém, mas por outro, estava muito mais confusa por Mariana e Ágatha estarem passando pela mesma coisa. Aquilo estava virando uma confusão só, não havia sentido. Olhei para o símbolo prateado outra vez e me senti tão conectada a ele e a alguma coisa também. Algo difícil de explicar e forte de sentir.

“Que estranho, por que estou sentindo isso?”

Indaguei a mim mesma. Depois de um suspiro profundo, pulei da cama e levei um susto ao perceber que já passavam das dez da manhã. Eu havia dormido muito, tinha que ir urgentemente para Porto Alegre e fazer algumas perguntas. Me vesti bem rápido e com a primeira roupa que achei, lavei o rosto, escovei os dentes e arrumei os cabelos. Quando estava em frente ao espelho do banheiro, peguei o medalhão sobre a pia. Sem me dar conta do que estava fazendo, coloquei-o na corrente que Damian havia me dado. Porém quando o coloquei no pescoço, me perguntei o que estava fazendo. Aquilo não era meu. Eu não poderia usá-lo! Bem, iria apenas usá-lo para descobrir o que era e qual a ligação que fazia com as pessoas que o enterraram e comigo e as garotas. Sacudi a cabeça e o coloquei no bolso de minha calça jeans. Desci as escadas e quando entrei na cozinha, encontrei Mariana lendo um bilhete. Os cabelos estavam arrumados num coque desajeitado e ainda usava a roupa de dormir.

— Bom dia. - falei, indo direto para a cafeteira.

— Oi... olha só o que a vó deixou pra você. - ela me entregou o bilhete e foi abrir a geladeira.

No papel minha vó escrevera um pedido de ajuda urgente. As contas da escola estavam uma bagunça desde que o administrador se aposentou no mês anterior. E ela pedia para que fosse até lá para ajudar a pôr as coisas em ordem. O que consequentemente me tirava da rota original dos meus planos para aquele dia. Revirei os olhos e suspirando, larguei o papel em cima do micro ondas.

— O que foi? - ela especulou. — Vou ter que trabalhar hoje. — Quem mandou se formar em administração. — Pois é... - murmurei enquanto me sentava à mesa com uma xícara de café com leite na mão.

— Lavígnia – ela sentou-se a minha frente – o que pretende fazer?

— Bem... - suspirei – acredito que posso encontrar algumas respostas com certas pessoas. Porém, não posso dizer mais nada. - me esquivei, mas podia ver a dúvida e angústia em seus olhos castanhos. — Não entendo como você pode saber mais... — Sobre o quê? - indagou minha irmã entrando na cozinha. — Como assim sobre o quê? Ágatha, vai me dizer que o que aconteceu essa madrugada foi algo passível de se esquecer assim tão rápido? - Mariana retrucou. — Estava tentando não pensar mais naquilo, obrigada por me lembrar.

— Veio do outro lado do país pra esquecer? - devolveu ela, as duas pareciam bem nervosas.

— Eu não sei se quero saber o que é isso, estou confusa e com medo!

— Gente, calma – pedi – ninguém vai conseguir nada se perder a cabeça.Isso pareceu acalmar um pouco os ânimos. Minha irmã, depois de pegar uma xícara de café, sentou-se à mesa conosco.

— É verdade... mas então... há quanto tempo isso vem acontecendo com vocês?

— Começou logo após meu aniversário. - confidenciou Mariana.

— Foi mais ou menos quando começou comigo também. - disse Ágatha.— Idem. - afirmei monossilábica.

Os minutos seguintes foram confissões de nós três. Os mesmos sonhos tinham nos atormentado, as mesmas experiências sobrenaturais. A diferença é que eu sabia sobre os personagens de alguns sonhos e elas não. Vampiros. O que confirmava minha teoria de que os Caçadores tentavam, de alguma maneira, entrar em contato conosco. Não era muito para assustar, devido à ligação secular que nossa família tinha com eles. Sem falar é claro, em dividir a guarda do segredo da existência dos vampiros.

— Eu só não entendo como você pode saber de alguma coisa sobre isso, Lavígnia. Como sabe? - minha irmã tornou a pressionar.

— Não posso dizer. - murmurei, puxando meu iPhone branco novinho do bolso, havia várias chamadas da minha avó. - Preciso ir agora, vou ajudar a vó com as contas da escola. - anunciei ao me levantar.

— Lavígnia – Mariana me chamou, estava muito séria – vou esperar um pouco, até a explicação que você disse que pode encontrar, depois disso eu vou até o Neit e pergunto o que significam aqueles símbolos que encontramos.

— Esse é o meu plano B. - afirmei, contando com a hipótese do Conselho me dar evasivas que eu já sabia reconhecer de longe.

Como o dia estava lindo – e eu queria tempo para pensar – resolvi ir a pé até a escola de dança de minha vó. Eu não estava muito certa se me
concentraria em algo naquele dia, mas tentaria. Pois de manhã cedo, no dia seguinte, eu iria até Porto Alegre e falaria com eles. Embora uma ideia fixa estivesse começando a flutuar em meus pensamentos. Neitan e os outros. Eles tinham segredinhos demais para ser um acaso estarem com aqueles medalhões. A força de Neit, a agilidade de Lídia e a inteligência fora do comum de Léo. Além é claro da estranha ligação que ouvi em Manaus entre Zac e alguém, onde ele falava a respeito de minha irmã e eu. Eles sabiam mesmo de alguma coisa.

Eu só não conseguia entender a relação deles com aquela história. Estaria eu envolvida em outro segredo sobrenatural ou eles é que faziam parte do meu segredo sobrenatural? Em poucas horas eu saberia. Embora reconhecesse que me dava um pouco de medo. Mas a verdade seria muito melhor do que a eterna dúvida. E a promessa que eu tinha feito a mim mesma de não descansar enquanto não encontrasse as respostas, não me deixaria desistir. O dia passou arrastando-se atrás das pilhas de papéis no escritório administrativo da escola. Mas eu gostei.

Passar o dia inteiro ouvindo os clássicos tocados na aula de balé - além de me trazer belas lembranças do tempo em que a dança era o meu sonho – ajudou a acalmar a ansiedade intensa que eu sentia, queria que o dia seguinte chegasse de uma vez para ter minhas explicações.

— Não posso acreditar que conseguiu resolver quase tudo em um único dia, querida. - minha avó disse impressionada quando lhe mostrei as coisas em ordem.

— Modéstia à parte, sou boa no que faço – brinquei – vou tomar alguma coisa e depois termino. - falei, indo em direção a cantina. — Tem certeza? Você vai acabar muito tarde.

— Não tem problema. - afirmei antes de perdê-la de vista.

Ao chegar na cantina, pedi um suco de laranja e um sanduíche natural. As últimas aulas do dia estavam acabando e os alunos iam saindo. Entre eles estavam muitas amigas do tempo que fazíamos aulas juntas. Acabei
conversando tempo demais com elas e quando foram embora, já era noite. Pedi as chaves para minha vó, prometendo que terminaria o trabalho bem rápido e iria logo para casa.

— Se é o que você quer... aqui está. - disse ela, me dando as chaves. — É sim, preciso me distrair.

Afirmei ao pegá-las. Logo eu estava sozinha na escola grande e escura. Apenas a luz do escritório estava ligada e um trovão imenso me avisou que logo choveria. Ao terminar todo o trabalho, fechei a porta do escritório atrás de mim. Dando de cara com um saguão enorme, vazio e escuro, assim como todas as salas e corredores. Tentei ignorar o receio que sentia devido à escuridão, solidão e trovões lá fora. Fui em direção as portas duplas de vidro e madeira, tudo que se podia ouvir era o som dos meus passos ecoando pelo vazio. Já do lado de fora, tranquei as portas e coloquei as chaves no bolso de trás. Antes de descer os cinco degraus até a calçada, dei uma olhada ao

redor. As ruas estavam perturbadoramente vazias. Passavam alguns poucos minutos das oito horas da noite e estava escuro demais graças ao tempo fechado que ameaçava uma tempestade de verão. Engoli em seco e me amaldiçoei por não ter ido de carro, agora teria que voltar andando para casa. Uma lufada de vento varreu várias folhas do chão, atirando-as no ar e contra as luzes dos postes que já estavam acesas. Tentei ser rápida quando comecei a caminhar para casa. Um ou outro carro passava por mim, mas logo entrei pelas ruas adjacentes - que fariam meu caminho menos longo – e lá não haveria carros.

Eu caminhava bem rápido e sem olhar para os lados, mas isso não me garantia que meu pressentimento de estar sendo seguida era mentira. A pequena rua onde eu estava era fechada dos dois lados pelas paredes altas de tijolos vermelhos do depósito do mercado e de uma loja. Havia também alguns prédios que serviam de depósitos para outros lugares, todos estavam fechados. Balancei a cabeça com força para afastar aquele pressentimento,mas um barulho nas enormes latas de lixo arás de mim, me fez virar bruscamente para encarar uma rua vazia.

Senti meu corpo estremecer e meus joelhos vacilaram. Me voltei rapidamente para frente, caminhei alguns passos.

“ Estou ficando paranoica, só pode. ”

Pensei, abraçando meu corpo, pois uma inexplicável onda de um frio inexistente me atingiu. Mas outra vez um som – desta vez ao meu lado – me fez sobressaltar para ver um borrão escuro cruzar a viela entre dois prédios. Estaquei. Eu estava mesmo sendo seguida. Meus lábios tremeram e comecei a me indagar se era um bandido humano ou um assassino vampiro. O medo me fazia tremer e meus passos vacilavam.

“ Ande rápido Lavígnia, ande! ”

Ordenei a mim mesma. Mas minhas pernas se recusavam a me obedecer. O som de latas desta vez o lado direito me fez virar para não ver nada. E depois atrás de mim, dos lados, pelos telhados. Ele estava brincando comigo. Tentei correr, pois estava claro que estava na mira de um vampiro. Um empurrão – não muito forte – em minhas costas me fez lutar para manter o equilíbrio. E quando consegui me pôr em pé outra vez, em minha frente estava uma figura soturna. Recuei alguns passos sem tirar meus olhos do vampiro magro, pálido e da minha altura. Os olhos avermelhados e a expressão debochada me lembraram Juan. Mas é óbvio que não era ele, pois Juan estava morto.

— Tão bonita – ele disse de forma arrastada enquanto me examinava calmamente – assim dificulta meu trabalho. Tão bonita...

Ele repetiu enquanto eu recuava. Os cabelos eram pretos e as roupas – jeans e camiseta – pareciam envelhecidas.

— Quem é você? - sussurrei, tentando ganhar tempo e ele revirou os olhos. — Sempre as mesmas perguntas... - debochou – vamos pular esta

parte. Decidiu e o brilho repentino em seus olhos me avisou de que ele

atacaria. Recuei vários passos tropeçando, mas ao invés de me atacar, o vampiro caiu no chão.

— Oh minha nossa... - sussurrei ao me deparar com a imagem dele. - Caçador.

Cobri os lábios com a mão enquanto vislumbrava com sua figura imponente. Alto, forte e poderoso. O vampiro levantou-se, mas não deu muito mais trabalho para aquele ser incrível do que um golpe certeiro de sua espada de prata. A cabeça do vampiro rolou pelo chão no mesmo instante que incandescia assim como seu corpo que queimava, e logo viraria cinzas. Olhei ofegante para aquela figura misteriosa que tinha se transformado no alvo da minha obsessão. O Caçador guardou a espada na bainha presa às costas e se virou, caminhando normalmente.

— Espere! - gritei e ele parou, mas não se virou – Quem é você? Por que nunca mostra o rosto? - minhas perguntas saíram vacilantes, mas eu precisava tomar coragem e descobrir mais sobre ele. Mas depois de hesitar alguns segundos, ele continuou caminhando. Fui atrás dele impelida por uma curiosidade sufocante.

— Por favor, eu preciso saber. O que faz aqui? Como me encontrou? Por favor...

Implorei mas mesmo assim ele saltou com uma agilidade absurda, sobre uma lixeira e daí para cima de um dos prédios. Senti vontade de chorar, eu tinha chegado tão perto. Estaquei naquele lugar, repassando o que tinha acabado de ocorrer. Então a chuva desabou com força sobre Bom Jesus. Fechei os olhos e suspirei com força. Depois de alguns segundos, olhei para trás e vi que a chuva forte tratava de levar as cinzas do vampiro para um bueiro. Depois de me dar conta do perigo que havia corrido e de que havia sido salva – mais uma vez – de uma morte horrível. Achei muito melhor ir correndo para casa. E foi isso que eu fiz. A chuva ensopava meus cabelos e minhas roupas, as gotas corriam pelo meu rosto e meus passos apressados faziam as poças de água espirrar.

Mas em minha corrida enlouquecida, algo me fez parar tão bruscamente que quase caí. Surgido como uma miragem, em minha frente estava ele outra vez, o Caçador. Atrás dele um poste iluminava a rua, mas jogando luz em suas costas, obscurecia seu rosto protegido pelo capuz abaixado. Por minutos sem fim, tudo que se podia ouvir, era o som da chuva entre nós.

— Você voltou – consegui falar com um meio sorriso que logo sumiu – obrigada por salvar minha vida... outra vez. - agradeci mas ele não se moveu, sua cabeça estava abaixada e ele parecia não me olhar – quem é você? - insisti ao ver que ele não me responderia. Mais minutos sem fim se arrastaram, um suspense agoniante.

— Você sabe quem eu sou. - sua voz firme atravessou a chuva em minha direção.

— Não... eu não sei. - respondi confusa.

Ele não respondeu. Respirando bem fundo, tive a iniciativa de dar um passo em sua direção. Ainda assim o Caçador não se moveu, o que me encorajou a continuar me aproximando.

— Quem é você? - perguntei, tentando ver seu rosto.

Com mais coragem ainda me aproximei tanto que apenas centímetros nos separavam. Ele estava permitindo que eu chegasse tão perto, talvez não quisesse mais guardar segredo sobre sua identidade. — Deixe-me saber, Caçador. Quem você é... Estendi minhas mãos com relutância para sua figura imóvel, toquei o capuz que cobria sua cabeça. Meu coração saltava enlouquecido pela expectativa de saber – finalmente – quem era ele e talvez assim, obter algumas respostas ou muitas. Empurrei o capuz com cuidado, tinha medo dele simplesmente desparecer da minha frente. Mas ele permaneceu, e enquanto eu empurrava o capuz para trás ele levantou a cabeça. Minha respiração sumiu completamente.

— Neitan. - um sussurro sufocado escapou pelos meus lábios – Você... você é o Caçador. - falei, recuando alguns passos. — Não sei porque está tão surpresa.

Disse ele, olhando-me através da chuva. Eu estava completamente sem ação! Eu suspeitava que Neit e os outros estivessem de alguma forma envolvidos com a história dos caçadores. Mas ele não estava envolvido com o Caçador, ele era o Caçador!

— Mas como eu saberia? - consegui perguntar. — Você sabe. - foi só o que ele disse.

— Por que não me contou antes? Sabe o quanto fiquei obcecada com o Caçador... quer dizer com você? - gritei.

— Porque eu não sabia se podia confiar em você! – ele gritou de volta – Nem sei se posso confiar agora. - Neitan falou as últimas palavras em voz mais baixa.

— Como assim? Por que não confiaria em mim? Eu também faço parte disso! Eu sei que você sabe!

Falei em voz alta enquanto voltava a me aproximar dele. Seus olhos verdes e intensos focaram os meus de uma maneira que pareciam ver minha alma. Havia raiva ou revolta neles. — É mesmo? - pareceu cético. — É claro que sim!

— Ah é? Então quem é seu namorado? - a pergunta saiu como um tiro que me atingiu em cheio. Ele havia visto Damian, então essa era a razão pela qual eles se odiavam! Será que Damian sabia que Neit era o Caçador? Neit sabia que meu namorado era um vampiro – Não sei de que lado você está jogando, Lavígnia.

— Então você sempre soube. - sussurrei estupefata, lembrando de quantas vezes os dois haviam se encontrado. A raiva que havia entre eles era muito mais do que um antigo desentendimento do tempo de faculdade.

— É claro que sim! - Neitan parecia irritado – Sabe o que eu pensei quando vi você com um vampiro? Quis tirar você da cidade, avisar ao Conselho, mil coisas! Mas aí quando achei que estava em perigo, você se arriscou para salvá-lo...

Sua confissão saiu cheia de amargura, o que só me deixou ainda mais em estado de choque. Neitan, o Caçador! Sempre ao meu lado e nunca me deu pista nenhuma e sendo que sabia de tudo. O que eu tinha feito com ele? Neit ficava sempre por perto porque realmente pensava que eu estava em perigo.— Eu... - hesitei, não havia o que falar. Como eu justificaria meu

envolvimento com quem devia ser o inimigo? — Você não tem o que dizer não é?

— Não. - confessei me sentindo horrível, Neit maneou a cabeça.

— Já estou acostumado em ser surpreendido por você. - pude ver o quanto eu o tinha confundido. - Você é uma das únicas pessoas no mundo que sabe sobre essas malditas criaturas! E mesmo assim está com um deles! Sabe o que o Conselho diria sobre isso?

— Eles não podem saber... - me assustei com a possibilidade.

— Me dê uma boa razão para não contar. - pediu ele cheio de raiva.

— Eu não vou me separar dele, só não queria que minha família me odiasse.— Aquele maldito assassino é nosso inimigo, Lavígnia! Inimigo da humanidade! Você não vê isso? - ele gritou.

— O nome dele é Damian. - corrigi entredentes.

— Pra mim são todos a mesma coisa, criaturas das trevas que devem ser detidas porque existem para matar pessoas. E os malditos responsáveis por eu não poder levar uma vida normal. - ele confidenciou, deixando claro oquanto odiava os vampiros – E quando finalmente surge a oportunidade de as coisas ficarem um pouco melhores para mim, você está com um deles.

Neitan disse tudo isso em voz alta, mas na última frase sua voz oscilou. Seus olhos focaram os meus cheios de ressentimento. Ele me culpava, e tinha razão, mas a oportunidade das coisas melhorarem para ele, era eu? Neit sentiria mesmo algo por mim?

— Eu sinto muito... - foi só o que eu consegui falar, mas vi em seus olhos o quanto estava decepcionado. Ele virou as costas – Neit espera...

Pedi, mas ele já havia sumido como um raio pela rua. Coloquei as mãos na cabeça e me permiti encostar-me numa parede. Meu corpo não tinha mais forças para me manter de pé. A surpresa tinha sido grande demais, a minha maior obsessão, o que mais eu deseja descobrir, esteve quase o tempo todo bem ao meu lado. Uma rajada fraca de vento me fez estremecer e acordar também. Só aí me dei conta de que estava sozinha à noite numa pequena rua e com chuva ainda. Ajeitei a postura e comecei a correr em direção à minha casa. Eu quase não via as casas e prédios ao meu lado, tudo que eu conseguia era pensar no que tinha acabado de descobrir.
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