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segunda-feira, 27 de maio de 2013

Holloween capítulo 5


                Capítulo 5

O ano passou como quase todos os outros. Na escola o assunto do desaparecimento de Cindy Lassier logo não era mais tão comentado e com o passar dos meses caiu no esquecimento. Exceto daqueles que consideravam-na como amiga ou seja; apenas Jamie. No dia do aniversário de Cindy, ela enfeitou o armário que não tinha sido ocupado por mais ninguém. No dia seguinte depois de Jamie colocar balões e flores enfeitando a foto de Cindy colada na porta do armário, os outros alunos passaram a colar recadinhos coloridos, deixar flores e bichinhos de pelúcia em homenagem à Cindy. Jamie estava parada mirando com lágrimas nos olhos, toda aquela demonstração de carinho de pessoas que nem ao menos tinham falado com Cindy.


—Oi... - Mick murmurou parando ao lado dela.

—Oi. - respondeu simplesmente.

—Como você está? - ele preocupou-se pois desde o desaparecimento de Cindy no ano passado, eles estavam muito mais unidos. Foram várias as buscas por ela.

—Triste... ela já tem dezoito anos e nem podemos comemorar juntas... como sempre. - ela sussurrou com um suspiro.

—Eu sinto muito, Jamie... - Mick falou, pondo a mão em seu ombro.

—Obrigada... sabe, ainda não perdi as esperanças de descobrir o que aconteceu com Cindy. - revelou enquanto Kelly e Ben passavam por eles. Eles não tinham coragem de olhar para a foto dela presa no armário.

—E você está certa, não é possível que nunca saibamos onde ela está. Mas e como estão os pais de Cindy? - ele mudou de assunto.

—Muito tristes, Cindy era filha única e agora eles estão muito sozinhos – Jamie suspirou – tenho passado bastante tempo com eles mas... não posso deixar minha avó sozinha por muito tempo também.

—Entendo.

—Bem... eles vão fazer uma reunião para comemorar o aniversário dela hoje à noite. Você quer ir?

—Claro que sim, vamos fazer tudo como se nossa amiga estivesse aqui. - ele concordou e Jamie sorriu, então ambos foram juntos para a sala de aula.

—Ouvi Jamie e Mick comentando sobre... vocês sabem quem. - Paul comentou depois da aula, quando estavam sentados na grama atrás do colégio.

—Quando? - Eve indagou.

—Hoje no corredor. - respondeu Kelly.

—Já encerraram as buscas por ela? - Ben inqueriu em voz baixa.

—Parece que sim... foram até St. Matthew mas... não encontraram nenhuma pista. - Paul respondeu.

—É melhor assim, enquanto menos tocarem nesse assunto mais rápido esqueceremos dele.

—Como se fosse possível... - Kelly murmurou.

—Ei, combinamos nunca mais tocar nesse assunto, lembram? Fizemos um pacto. - Eve os lembrou.

—É mesmo...

—Verdade. - um coro de concordâncias ecoou.

—E então? Vamos no show da banda do Tom, hoje? - Eve mudou o assunto.

—Mas é claro, eu não perco por nada.

—Uhul, estou louco por esse show. Vamos curtir a noite toda.

Ben confirmou animado e o assunto, Cindy Lassier, voltou a ser proibido. Era março, e faltavam poucos meses para as férias. Ninguém mais comentou sobre Cindy e aparentemente a vida voltou ao normal em Darkwest Falls. O ano escolar passou assim como as férias regadas à festas e muitas bebedeiras, semanas na praia para alguns, casa de campo para outros. Eve; Ben, Paul e Kelly tinham conseguido superar o segredo que guardavam. Kelly entrou para as líderes de torcida e a vida corria com a normalidade de sempre.

Outubro já estava acabando e com isso estava vindo outra vez o dia mais esperado do ano; o Halloween. A escola já começava a ser toda decorada e preparada para a festa daquele ano que teria um diferencial; os alunos fariam uma homenagem à Cindy Lassier, desaparecida há um ano. Os alunos do grupo de teatro haviam dado a ideia aos integrantes do comitê que organizava tudo. É claro que para quem desejava esquecer da existência ou inexistência de Cindy, isso não era uma coisa muito agradável. Eve e os outros se sentiam assombrados pela expectativa de o desaparecimento de Cindy ser lembrado pela escola inteira.

A cidade era pequena. Isso poderia chamar a atenção de todo mundo novamente e eles tinham muito medo de que fossem punidos por seus crimes; assassinato e ocultação de cadáver. Nenhum deles queria ver aquele caso reaberto e nem a polícia procurando por pistas. A sorte daqueles quatro, era que a polícia tinha sido incompetente demais em não fazer mais buscas pela floresta. Eles poderiam ter chegado no antigo cemitério, mas em uma cidade tão pequena e com habitantes supersticiosos, até mesmo a polícia temia a fama de mal assombrado do local.

Então, ao que tudo indicava, o destino final de Cindy Lassier ficaria somente na memória de Eveline; Ben, Kelly e Paul.

—Então... o que vamos fazer no Halloween? - Paul indagou na hora do intervalo.

—Não quero ficar na festa do colégio. - Kelly murmurou baixinho.

—Muito menos eu. - disse Eve antes de tomar o resto de seu suco de caixinha.

—Então vamos ficar todos escondidos embaixo da cama? - Ben zombou – Fala sério galera, essa é a festa mais legal do ano. Não podemos faltar.

—Para de se fazer, mano! Você sabe muito bem o que o Halloween significa para nós. - Paul sussurrou, olhando para os lados.

—Pra mim significa festa, não vou deixar isso me assombrar pra sempre. Aconteceu e ponto, não poderemos mudar isso nunca. - respondeu despreocupado e os outros trocaram um olhar culpado.

—É... por um lado até que você está certo, cara. Não há o que possamos fazer para mudar o passado. Quer saber? Vou arranjar uma festa pra me divertir, se não for no colégio será em outro lugar. - animou-se Paul.

—Falou e disse! - Ben concordou – E aí Kelly, não tem nenhuma festa das líderes de torcida pra nos colocar dentro?

—A Marissa sempre faz uma festa para os VIPS... mas não tem como ser penetra, gente. Só entra quem for convidado.

—Mas você não foi convidada? - Eve estranhou.

—Pelo que eu soube, ela ainda nem organizou a coisa ainda. Faltam cinco dias pro Halloween, tem tempo até lá. - respondeu dando de ombros.

—De qualquer forma, fique por perto dela e tenta incluir a gente na lista. Essas festas da Marissa tem fama de serem demais. - Eve disse mordida por nunca ter sido incluída em nenhuma delas.

—Pode deixar, vou ficar de olho nela. - Kelly afirmou – Agora vamos porque o sinal já tocou.

Disse ela levantando-se, e juntando seus livros. Logo os alunos se dispersavam da área da cantina, todos de volta para suas salas de aula. Jamie rabiscava preguiçosamente seu caderno na aula de história, estava chateada pela proximidade do dia em que completaria um ano do desaparecimento de sua melhor amiga. Não sentia a menor vontade de participar de festa alguma, mas compareceria por causa da homenagem à Cindy. Os responsáveis pela ideia eram Mick, Murilo e Michele. Jamie havia ficado feliz com isso, mas há quase um ano vivia numa triste confusão de sentimentos.

Uma hora ela queria continuar procurando pela amiga e em outra queria se conformar que Cindy nunca mais voltaria. Era difícil para ela ver a tristeza constante do senhor e senhora Lassier, sendo vizinhos próximos, era impossível passar um dia sequer sem perceber a tristeza que emanava daquela casa silenciosa. Cindy era a única que ouvia música num volume alto, depois do seu sumiço, o silêncio era o barulho que saía daquela casa.

—Jamie? Jamie? - a voz do professor de história soou irritada e ela levou um susto que provocou risinhos pela classe – Quer compartilhar conosco o que está pensando de tão interessante que não presta atenção na aula?

—Estava pensando que logo fará um ano que Cindy desapareceu. - ela respondeu olhando séria para o professor e os risos cessaram.

—Ah... - o professor engoliu em seco, sem jeito.

—Não estou me sentindo bem, posso sair? - pediu Jamie depois de um suspiro.

—Claro, claro que pode. Está dispensada Jamie.

—Obrigada... - agradeceu ela juntando seus livros e saindo da sala. Aquele era um dia perfeito para matar aula. E foi o que ela fez.

Os dias que antecediam o Halloween eram sempre iguais; cheios de expectativas. Também era a época do ano em que de repente todas as lendas locais eram contadas para assustar as crianças, e os mais velhos também. Jamie chegava em casa caminhando a passos lentos e olhando para o chão quando a voz de uma garotinha lhe chamou a atenção. Ela se esforçava para que sua doce e infantil voz soasse apavorante.

—Minha bisavó me contou que no tempo da avó dela, haviam bruxas por aqui. Então um dia o Conselho da cidade se reuniu e os homens mais valentes foram escolhidos para capturar as feiticeiras. - dizia a menina loira de uns nove anos, sentada atrás de um arbusto na companhia de outras crianças – Então, uma a uma as bruxas foram capturadas e levadas para a floresta. Lá, na noite de trinta e um de outubro de mil oitocentos e tanto, todas elas foram amarradas em um velho carvalho e então atearam fogo nelas. Ficaram vendo-as gritar e proferir maldições contra Darkwest Falls. Diziam que qualquer outra morte violenta de um inocente no solo de Black Water, seria vingada.

—E onde ficava esse carvalho? - um garotinho indagou assustado.

—Ficava onde hoje é o cemitério do asilo. - respondeu a loirinha com os grandes olhos azuis arregalados – e ainda bem que a morte das pessoas do asilo foi acidente.

—Por quê? - uma menininha perguntou.

—Porque a terra está impregnada pela maldição das bruxas, os que forem inocentes e morrerem violentamente... terão o apoio das bruxas mortas para se vingar.

Terminou a loirinha fazendo as crianças se olharem assustadas e Jamie riu, antes de continuar seu caminho. Já tinha ouvido aquela história centenas de vezes de sua avó e de outras pessoas também. O massacre das bruxas de Darkwest Falls tinha várias versões e muitas lendas se originaram de lá. Mas Jamie teve que admitir que alguma na voz daquela garotinha tinha deixado a história do jeito mais sombrio que ela tinha ouvido até aquele dia. Jamie apertou mais os livros contra o corpo e continuou caminhando em direção a sua casa, olhava distraidamente para os lados enquanto as pessoas enfeitavam suas casas para o Halloween.

Abóboras com carinhas assustadoras eram colocadas do lado de fora, assim como morcegos e aranhas enormes. Enfim, tudo como em todos os anos. Exceto pela ausência de Cindy.

3 comentários:

  1. Oi Aninha,tem certeza que é só segundas e sextas que terá mais caps?Até lá não terei mais unhas.....rsrsrsrsrsrs.bjo

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  2. Desculpe é meu o comentario acima apertei a tecla errada....

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    1. kkkkkkkkkkkkkkkk acontece Marcinha ^.^ Ahh é que essa história tem só 9 ou dez capítulos, é bem curtinha. É só pra manter o suspense por mais um tempinho kkkkkkkkkkkkkkkk Beijos flor :*

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