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sexta-feira, 31 de maio de 2013

Holloween capítulo 6


                 Capítulo 6

O dia trinta de outubro – véspera do dia das bruxas - amanheceu radiante. Com muito sol, ao contrário do ano anterior quando o tempo estava oscilante. Kelly Vaz rolou na cama murmurando quando seu celular a acordou tocando. Esticando a mão por cima do criado mudo, ela pegou o aparelho que vibrava e tocava. 

—Alô? - murmurou. 

—Kelly Vaz? - perguntou a voz estranha do outro lado da linha. 

—Sim, sou eu. Quem é que está falando? - ela indagou achando péssima a ligação cheia de ruídos, era como se quem estava ligando estivesse muito longe. Muito longe mesmo. 

—Marissa Miller. - respondeu a voz arrastada e baixa.

—Ah, oi Marissa. Sua voz está diferente... - observou ela estranhando, mas feliz com aquela ligação que só poderia indicar o convite para a festa que ela tanto esperava. 

—É que não estou muito bem. 

—Nossa, logo hoje que começam as festas, né? 

—Quero que você venha com seus amigos hoje a noite na minha festa. - respondeu a voz séria e baixa. 

—Sério? Ai que máximo! - Kelly sentou-se rapidamente, exultante – Obrigada por me convidar, Marissa. Mas hoje? - ela indagou toda animada. 

—Sim, é véspera de Halloween. 

—Ah, sei... festa da meia noite, virada pro dia das bruxas e tals. 

—Sim. 

—E onde vai ser? 

—Em St. Matthew, mas só você e seus amigos podem vir. - avisou ela. 

—Ah claro, tudo bem. Eu sei como suas festas são disputadas. 

—Espero por vocês. 

Disse ela e logo a ligação foi encerrada. Kelly olhou surpresa para o telefone, a voz de Marissa estava muito diferente... estranha. Mas talvez fosse porque a ligação estivesse muito ruim, talvez fosse o sinal do celular dela. De qualquer forma, isso não apagaria a felicidade que sentia pelo convite. Eve e os outros ficariam alegres com o convite exclusivo que Marissa Miller fazia apenas para seus amigos mais íntimos ou para as pessoas que ela quisesse se aproximar. Enquanto pulava pelo quarto, pegou o celular e ligou para Eve afim de contar a boa notícia. 

—Ai meu Deus! - gritou Eveline ao receber a notícia – Sério que ela convidou a gente? 

—Qual é, tá me chamando de mentirosa? - indignou-se Kelly, mas de brincadeira. 

—Longe disso! Aiii estou tão feliz, os garotos vão pirar! 

—Com certeza. 

—E onde vai ser a festa? - Eve indagou para a expressão frustrada da outra. 

—Ela disse em St. Matthew, mas não me disse exatamente o endereço... 

—Ai, não encana, é só ligar pra ela e perguntar, né? Dã... 

—Ei, fala direito comigo, hein? Não esquece que vocês só foram incluídos no convite por minha causa. - gabou-se ela. 

—Ai, ai vai ficar se achando agora? Metida. - brincou Eve, muito feliz. 

—Hum, sua boba. Vai logo escolher sua fantasia e eu vou ligar para ela e pedir o endereço. 

—Tá legal, te ligo depois. 

—Certo. 

Concordou Kelly encerrando a ligação. Mexeu na lista de chamadas recebidas mas era estranho; não tinha nenhuma ligação recebida naquela manhã. Ela torceu o nariz e resolveu acreditar que o seu celular tinha pirado. Mais tarde ligaria para uma das meninas da torcida e pegaria o número de Marissa. Agora o mais importante era conseguir uma roupa incrível para aquela noite. Kelly torceu o nariz ao olhar para algumas de suas fantasias usadas nos anos anteriores, a festa seria em St. Matthew e o pessoal um pouco mais velho. Era melhor não aparecer como uma criança perguntando: Gostosuras ou travessuras? 

Como já tinha dezoito anos, era melhor começar a agir com um pouco mais de maturidade. Sendo assim, começou a revirar o guarda roupas. Drama pelo qual Eve também passava, os únicos tranquilos eram Paul e Ben, é claro. Eles já haviam sido avisados da festa e estavam planejando como se divertiriam. Enquanto isso, Jamie lavava alguns pratos na cozinha de sua casa enquanto ouvi – sem querer – a conversa de sua avó com alguns familiares que tinham ido passar o Halloween com elas. Jamie não prestava a mínima atenção, seus pensamentos estavam longe e desconexos. Pensava nas provas do semestre; na peça de inverno, na sua banda favorita... 

—Não entendo como o pessoal dessa cidade cultua tanto esse Halloween, é uma coisa muito ruim, sabiam? - proferiu uma de suas tias e ela sacudu a cabeça enquanto secava a louça. 

—Ah, o pessoal por aqui comemora a libertação da cidade das bruxas, todas que tinham por aqui foram mortas numa fogueira em Black Water há mais de um século. - respondeu sua avó. 

—É uma boa razão. - concordou o marido da tia Elizabeth. 

—Aqui pode ser por isso, mas no geral o dia 31 de outubro significa outra coisa. 

—E o que significa? - a vó de Jamie indagou. 

—Em todo o mundo se sabe que é nesse dia que todo o mundo sobrenatural está solto na terra para fazer o que quiser. De meia noite à meia noite, todos os espíritos voltam à terra e estão livres. - respondeu ela na sala, e Jamie na cozinha sentiu um arrepio gelado correr por seu corpo.

“Que medo!”

Pensou ela fazendo o sinal da cruz. Era melhor nem ficar pensando muito naquelas coisas, espirou a noite caindo pela pequena janela e se apressou em terminar sua tarefa. Junto com Mick, Michele e Murilo ela iria na festa da escola. Eles haviam a convencido a ir, mas ela só aceitara por causa da homenagem à sua grande amiga Cindy. Assim que terminou, correu para o quarto e escolheu apenas uma roupa preta. Sua fantasia naquele ano seria de luto, apenas isso. Embora insistisse em acreditar que sua amiga estava viva em algum lugar, e que algum dia retornaria com muitas explicações para dar. Depois de comer alguns doces com sua família e passar na casa dos pais de Cindy para cumprimentá-los, ela encontrou os amigos na calçada. Juntos foram caminhando lentamente para a escola e relembrando o ano anterior. O tão planejado vídeo da Chapeuzinho Vermelho sombria, nunca tinha sido concretizado. 

Talvez, um dia, eles tomassem coragem para realizar a gravação. Mas com certeza não seria naquele ano. Na casa de Kelly, ela se olhava pensativa no espelho. Tinha combinado com Eve que aquele seria o primeiro ano em que não usariam fantasias. Sendo assim, mirava sua roupa casual; calça jeans e jaqueta branca acompanhadas de uma máscara dourada ao estilo Baile de Máscaras. Depois de passar uma camada de batom vermelho, ela ouviu a buzina do carro de Ben e desceu apressada. 

—Não vai usar uma fantasia esse anos, filha? - o pai dela perguntou espiando-a por cima de seu jornal. 

—Já estou bem grandinha pra isso pai. - respondeu ela revirando os olhos. 

—Você tá esquisita. - observou seu irmãozinho, Matt de sete anos que brincava com sua espada na sala. Naquele ano, ele era um cavaleiro medieval. 

—Cala a boca garoto, ninguém está te perguntando nada! 

—Não fale assim com seu irmão! - repreendeu a mãe vindo da cozinha, enxugando as mãos num pano de prato. - E não vá chegar muito tarde em casa. 

—Ai, por favor mãe! Eu já tenho quase dezenove anos e posso chegar em casa na hora em que eu quiser! Fala sério. 

—Mas o que é isso, Kelly? Não falte com respeito à sua mãe ou por acaso quer ficar de castigo? - o pai repreendeu irritado e a buzina tocou novamente. 

—Me deixem em paz, que droga! Só tenho essa noite do ano para me divertir e vocês ficam me enchendo? Vou voltar a hora em que eu quiser e não me esperem. 

—Kelly! 

Os pais chamaram, mas ela já tinha batido a porta e saído bufando de raiva até o carro. Ela detestava o cuidado exagerado dos pais, que na verdade para ela era uma intromissão em sua vida. Não era mais criança e queria fazer o que desse na telha, por que não entendiam isso? 

—O que aconteceu? - Eve perguntou quando ela entrou no carro batendo a porta de trás com força. 

—Meus pais são uns idiotas! Não aguento mais eles, estão sempre se metendo na minha vida. - replicou, fazendo sinal para que Ben saísse logo com o carro. 

—Mas o que fizeram? - Paul indagou do seu lado, enquanto dava um gole numa lata de cerveja. 

—Queriam colocar hora para que eu chegasse em casa, pode? Só tenho uma noite do ano pra ficar livre deles e querem me colocar de castigo? 

—Ninguém merece... - replicou Eve, do banco da frente. 

—Ainda bem que meu pai estava bêbado o suficiente para nem notar quando eu saí. Ele nunca pega no meu pé. - relatou Paul maneando a cabeça. 

—Isso porque você tem sorte. - Kelly replicou sentindo raiva dos pais. 

—Está bem, chega disso, essa é a nossa noite – Ben interrompeu – Vamos direto para St. Matthew ou passamos na escola primeiro? 

—Ainda são nove horas e a festa da Marissa vai ser à meia noite, temos bastante tempo para chegar lá. - respondeu Kelly. 

—Então dá tempo de passarmos na escola para dançar um pouco e tomar aquele ponche horrível de frutas. - disse Paul. 

—O Luc prometeu que esse ano ele iria batizar o ponche com vodcka. Acho que pode valer a pena irmos lá um pouco. - disse Ben, referindo-se ao amigo do time de basquete. 

—É, acho que sim. Preciso mesmo falar com a Marissa. 

—Ai, Kelly, e você acha mesmo que ela vai estar na festa da escola? Ela sempre dá um festão épico nesta noite. - falou Eve. 

—Mas ela sempre passa no colégio para fazer uma social , né? 

—Mas esse ano, estamos incluídos na nata da high saociety do colégio! - comemorou Paul, assim que o carro parou em frente à escola animada com luzes e música tocando. 

—Graças a mim, né? Se não fosse por mim tudo que fariam era ficar na festa da escola. - Kelly se vangloriou de brincadeira. 

—Ai, ai, ai agora ela vai ficar 'se achando' a última bolacha do pacote. Metida. - Ben provocou assim que saíram do carro. 

—Eu não me acho, fofo. Eu sou. - disse ela e Ben passou o braço pelo ombros de Eve. 

—É claro que você é, gata. - Paul concordou a abraçando mas, como sempre, foi repelido com um empurrão de brincadeira. 

—Nossa, você é tão má comigo Kellyzinha, olha que qualquer dia eu desisto, hein? 

—Já devia ter desistido há muito tempo, Paul. Você não é o meu tipo. - respondeu ela empinando o nariz. 

—Qual é como assim? Um cara alto, moreno e bonitão como eu não sou seu tipo? - ofendeu-se ele. 

—Ah, vai nessa. - Eve riu. 

—O quê? Como assim? Eu sou um cara bonitão, quem não vê isso? 

—Seu espelho! - respondeu Ben e todos riram. 

—Báh cara, que amigo você hein? 

Paul replicou e assim que entraram no ginásio, levaram um susto. O riso sumiu do rosto dos quatro imediatamente diante da visão que tinham. No telão principal, onde os clipes das músicas eram passados, havia uma foto de Cindy Lassier. Ela sorria ostentando sua capa roxa e mostrando a cestinha preta, a foto havia sido tirada no Halloween do ano passado, horas antes de sua morte. Várias garotas estavam vestidas exatamente com a mesma capa e carregando cestinhas. Do outro lado do salão, eles viram Jamie vestida de preto e enxugando as lágrimas. Aquela havia sido a homenagem dos alunos para Cindy.

—Atenção, atenção, silêncio por favor. - pediu uma garota, que também vestia uma capa, ao pegar o microfone onde a banda logo voltaria a tocar – Sou Eliza Summers, presidente do comitê de eventos do colégio, eu sei que todos me conhecem mas... não custa dizer né? - ela brincou e alguns riram, exceto aqueles quatro que estavam estacados no lugar – Bem, como todos sabem, há um ano exatamente nesta noite. Nossos colegas do grupo de teatro organizavam uma versão sombria do clássico Chapeuzinho Vermelho para inscrever nossa escola no prêmio nacional de artes. Mas infelizmente, a personagem principal nunca mais foi vista – ela parou um instante, o silêncio era total - Cindy Lassier era uma garota adorável e sempre disposta a ajudar quem precisasse. Estudava na nossa escola desde sempre, assim como a maioria aqui, era tímida e quieta mas havia conquistado a simpatia de quase todos os alunos . - ao dizer isso, muitos olhares se voltaram para Kelly e os outros - As buscas por Cindy foram encerradas no início do mês passado e ninguém faz ideia do seu paradeiro. Por isso, esse ano o comitê da escola organizou essa homenagem à nossa colega. Por favor, um minuto de silêncio. 

Eliza afastou-se do microfone e abaixou o olhar, o silêncio reinou absoluto pelo um minuto seguinte. Muitos olhares estavam na foto de Cindy na tela e alguns choravam. Ao passar daquele minuto, as garotas que vestiam as capas, subiram no palco e Mick se apoderou do microfone. Kelly; Ben, Eve e Paul simplesmente não conseguiam esboçar reação alguma, para eles, aquilo que acontecia era um pesadelo. Fantasmas disfarçados de memórias para lhes atormentar. 

—Boa noite, em nome do grupo de teatro e das pessoas que eram mais próximas de Cindy Lassier, eu agradeço. - dizendo isso, seu olhar rumou para os pais de Cindy que estavam ao lado do palco, a senhora Lassier soluçava e o marido a confortava – Como iríamos fazer a versão gótica para Chapeuzinho Vermelho, as meninas do teatro e outras alunas resolveram fazer mais essa homenagem a nossa querida Cindy. 

Ao terminar, Mick desceu do palco e as meninas, em torno de umas dez, vieram para a ponta do palco e entoaram numa voz triste e respeitosa, a canção tema do clássico infantil que seria cantado por Cindy no vídeo: 

“Pela estrada afora eu vou bem sozinha / levar esses doces para a vovozinha / ela mora longe o caminho é deserto / e o lobo mau passeia aqui por perto/ Mas à tardinha/ ao sol poente / junto à mamãezinha dormirei contente.”



Ao terminar da canção, houve aplausos e todos no ginásio repetiram a cantiga sincronizando com novas palmas. Kelly sentiu o mundo girar ao seu redor e segurou o braço de Paul para não cair. Eve sentiu o estômago apertar e pensou que fosse vomitar, quão mal se sentia naquele momento, principalmente ao ver os pais de Cindy chorando copiosamente. Imediatamente depois disso, a voz do cantor da banda soou, anunciando que cantariam a música preferida de Cindy. E então, as notas de Guilty da banda finlandesa The Rasmus começaram a ecoar pelo ginásio, junto com a voz do cantor que dizia: 

—Guilty, yeeee. - que em inglês quer dizer, culpado. 

—Quero sair daqui! - Eve sussurrou apertando tanto o braço de Ben, que ele pensou que ela iria quebrá-lo. 

—Vamos, vamos, vamos. - ele disse, esgueirando-se entre os alunos com os amigos seguindo-o. 

Quando saíram para fora do ginásio, sentiram que puderam respirar pela primeira vez desde que entraram naquele maldito lugar. Eles correram até o carro, e assim que já estavam protegidos do olhar dos curiosos, Eve e Kelly caíram num choro cheio de culpa enquanto Paul abria outra lata de cerveja. 

—Sai logo com esse carro, mano! - Paul quase gritou. 

—Tira a gente daqui, Ben. Rápido! - Eve pediu, olhando para suas mãos que tremiam. Mesmo do lado de fora, a música ainda os atingia com seu: Culpado. 

—Nós não deveríamos ter vindo, não deveríamos. - Kelly repetia, secando as lágrimas que já cessavam com as mãos trêmulas. 

—Quem diria que aquela esquisita tinha tantos amigos! - Ben esmurrou o volante, enquanto o carro disparava pela cidade, bem acima da velocidade permitida. 

—Não quero mais ouvir falar nela, não quero, não quero! Maldita Cindy, nem mesmo morta ela nos deixa em paz! - resmungou Eveline, pegando uma das latas de cerveja do engradado. 

—Isso Eve, você tem razão. Vamos esquecer disso, Cindy Lassier agora é só um maldito fantasma que não pode mais nos assombrar. Vamos para a festa da Marissa e não deixaremos ela estragar nossa noite. - falou Paul de um modo decidido que acalmou os ânimos no carro. 

—Verdade, vamos direto para St. Matthew. - Ben decidiu, mudando a direção do carro. 

—Que horas são? - Kelly indagou. 

— Nove e quarenta e dois. - respondeu Eve, olhando pela janela do carro. 

— São umas duas horas até St. Matthew, vamos chegar bem na hora da festa. Perfeito! - Ben comemorou, ligando o rádio do carro. 

—Ótimo, quero esquecer o que aconteceu naquele ginásio. E nada melhor que uma festa para isso. - disse Eve. 

—E eu ouvi falar que as festas da Marissa são muito boas. - Ben observou. 

—Claro, o pai dela é rico. Garanto dá a maior grana pra ela impressionar os convidados. - Paul falou. 

—Alguém viu a Marissa no ginásio? - Kelly perguntou e todos se olharam um instante. 

—Não. - responderam um uníssono. 

—Também, né? Com aquela palhaçada lá, não deu pra prestar atenção em muita coisa. - Eveline escarneceu. 

Então de repente todos ficaram em silêncio, o único som além do motor era a música dance que saía do rádio. Ben prestava atenção na estrada enquanto Paul se ocupava da terceira lata de cerveja, Kelly olhava pela janela e Eve também. Vários minutos depois, Ben reparou que não sabia aonde deveria entrar já estando na ainda distante St. Matthew. 

—Kelly, qual o endereço da festa? - ele perguntou e Kelly só então se deu conta de que tinha esquecido de ligar para Marissa. 

—Ai droga! Esqueci de perguntar pra Marissa. 

—O quê?! - todos a olharam incrédulos. 

—Calma galera, já vou descobrir. - ela os tranquilizou, enquanto fazia uma ligação para outra menina da torcida para conseguir o número do celular de Marissa. 

—Ben? - Eve chamou depois de engolir em seco. 

—O que é? 

—Você pode acelerar nesse trecho, por favor? 

—Está bem. 

Ben concordou. Mesmo se a namorada não pedisse, ele faria aquilo pois o trecho que estavam para passar era a longa estrada que cortava a floresta de Black Water conduzindo para fora da cidade. De carro, aquele percurso levaria cerca de quinze minutos. Quinze minutos cercados pelos dois lados pela escura e ameaçadora floresta silenciosa. É claro que nenhum deles teria boas lembranças daquele lugar e especialmente na véspera do Halloween. 

—Obrigada, Thammy. - Kelly agradeceu a garota que lhe passara o número do celular de Marissa – Pronto gente, já vou conseguir o endereço. 

—Ai que mancada sua deixar pra checar isso quando já estamos indo para lá. - Eve provocou e Kelly revirou os olhos. 

—Ai, eu já disse que ela desligou antes de me dar o endereço sua boba. - Ela retrucou fazendo a ligação para a líder de torcida. 

—Alô? - a voz de Marissa soou do outro lado da linha, enquanto Ben acelerava mais o carro. 

—Oi Marissa, é a Kelly. Tudo bem? 

—Kelly? - ela pareceu confusa. 

—Sim, da equipe lembra? - Kelly disse achando meio estranho. 

—Hum... ah tá, Kelly Vaz – só naquele momento a outra pareceu reconhecê-la. 

—Eu mesma, só queria saber o endereço da festa. - falou com um meio sorriso. 

—Festa? - Marissa perguntou sem entender. 

—É, a festa que você me convidou junto com meus amigos. - disse Kelly meio preocupada que Marissa tivesse mudado de ideia. 

—Do que está falando? Que festa? - ela insistiu parecendo não fazer ideia do que Kelly falava. 

—Da sua festa de Halloween em St. Matthew, você me ligou pra fazer o convite hoje de manhã, não se lembra? 

—St. Matthew? Isso é brincadeira né? Como eu te ligaria se eu não tenho o seu número? 

—O quê? - Kelly indagou começando a sentir medo daquela situação. 

—Olha, eu não sei o que você está querendo fazer, mas não tem graça. Nunca liguei pra você, e nem mesmo vou fazer uma festa esse ano porque estou gripada hoje. E fala sério, por que eu faria uma festa fora de Darkwest Falls? - Marissa explicou e Kelly maneou a cabeça. 

—Mas você me ligou hoje de manhã! - ela insistiu. 

—Nunca liguei pra você, garota. Nem tenho seu número e dá licença que eu vou dormir, tomei muitos remédios e estou com sono. - ao dizer isso, ela encerrou a ligação e Kelly ficou imóvel por alguns segundos.

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