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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Capítulo 4 - 4ª parte

              Lavígnia

Mesmo que eu não quisesse dar atenção àquele sonho, minha mente teimosa o quis. Não consegui mais dormir e fiquei rolando na cama como se tivesse pulgas no colchão. Olhei para o relógio digital em cima do criado mudo e vi que eram 5: 37 da manhã. Era praticamente noite ainda! 

“ Droga de sonhos malucos! ” 

Choraminguei mentalmente colocando um travesseiro na cabeça. A imagem de Damian matando o garoto, seus olhos, o jeito que sua aparência era estranha. O que significava aquilo? Com um suspiro de exasperação, chutei o edredom e me levantei já que não conseguia mais dormir. Vestida de camisola mesmo desci para a cozinha sem fazer barulho para não acordar Mariana. Coloquei a cafeteira para trabalhar e várias xícaras de café me fizeram companhia até que o dia clareou. Claro que eu fiquei repassando aquele sonho várias vezes. 

— Acordada a essa hora? - estranhou Mariana ao entrar na cozinha lá pelas 7: 15. 

— É... Perdi o sono. - murmurei com a voz meio arrastada. 

— Você tá parecendo uma bomba relógio... minha mãe ainda está te enchendo? 

Indagou ela enquanto colocava cereal numa tigela. 

— Sim... isso está me estressando demais. 

— Hum... minha mãe é uma ditadora. Aliás, toda nossa família é de ditadores! Já até apelidei o vô de Hitler. - revoltou-se ela e eu ri. 

— Hitler?! 

— Claro! Olha pra você – ela apontou – ele a fez largar sua carreira no balé pra cursar a faculdade que ele queria. Agora você tá com vinte e quatro anos e age como se tivesse quarenta! 

— De novo a história dos quarenta? - revirei os olhos. 

— Sim, e olha eu. Ele teve a audácia de me “ sugerir ” - ela fez aspas com os dedos – que eu deixasse a faculdade de moda para cursar engenharia, pode? - indagou ela cheia de revolta e eu levantei as sobrancelhas. 

— Dessa eu não sabia. 

— Affs Lavígnia... nossa família quer nos manipular pra sermos o que eles bem querem. A Ágatha que foi esperta e saiu fora antes que quisessem decidir as coisas por ela. 

Respirei fundo ao ponderar nas palavras da Mariana, no fundo eu sempre soube que ela estava certa. Mas sempre me deixei manipular, obedeci regras, fiz tudo que queriam que eu fizesse e sem dar tempo para fazer o que eu realmente queria. Talvez se eu tivesse continuado minha carreira no balé, poderia estar no balé de Moscou agora e sem estar nesse rolo. 

— É... você tem razão. Acho que estou precisando proclamar minha independência. - Brinquei, mas estava falando sério. 

— Faz isso mesmo, eu apoio. Agora já vou indo pra Bom Jesus porque não quero me atrasar. 

— O que você disse? - perguntei alarmada e ela franziu o cenho enquanto se levantava. 

— Eu disse que já vou indo pra faculdade porque não quero me atrasar. - ela repetiu como se estivesse falando com alguém com problemas mentais. 

— Você disse Bom Jesus! - apontei e ela riu. 

— Não, eu não disse. Acho que você tá pirando, Lavígnia. 

— Mas eu ouvi! Você disse Bom Jesus! - insisti e ela passou de debochada pra séria. 

— Então você está ouvindo coisas! Fala sério... por que eu diria Bom Jesus? 

— Esquece... - falei intrigada e ela torceu o nariz. 

— Tá bom... até mais. 

— Até. - eu disse antes dela sumir pela porta da cozinha. Fiquei na cozinha até a hora me arrumar para ir ao trabalho. Quando cheguei ao quarto andar, encontrei Juliana toda atarefada correndo de uma lado para o outro. - Olá. 

— Hã? - ela se virou só então se dando conta da minha presença – Ah, oi Lavígnia. 

— Nossa... por que tanto reboliço? 

— Ah nem me fale! A Sabrina vai viajar para Bom Jesus amanhã e resolveu que devo ir junto e tenho que arrumar um monte de coisas e... 

— O quê?! O que você disse? - me alarmei de novo, mas o que era aquilo? 

— Que a Sabrina vai para Brasília amanhã e quer que eu vá junto! Pode? Ela deveria ter me avisado antes! 

Juliana repetiu e eu fiquei parada olhando para o nada enquanto repassava a conversa. Eu tinha a mais absoluta certeza que tina ouvido tanto minha prima como Juliana falarem Bom Jesus mas no entanto, sabia que não tinham falado isso. Eu estava começando a pensar na possibilidade de realmente estar ficando maluca de vez. Sacudi a cabeça e entrei na minha sala. Olhei desanimada para a quantidade de pendências que teria que resolver naquele dia. Atirei minha bolsa no chão e mergulhei no trabalho. 

Eram muitas coisas e eu estava sobrecarregada. Mas por um lado até que seria bom, pois manteria minha mente ocupada e sendo assim, não teria tempo para ficar pensando nas coisas estranhas que estavam acontecendo. Dispensei o almoço naquele dia, pois além de estar completamente sem fome, queria por em dia todo o trabalho que havia deixado atrasar. Eu já estava bem cansada quando tirei o computador do estado adormecido para o desligar de vez. Mas assim que a tela iniciou, não havia o papel de parede chato do governo na tela mas sim, escrito em grandes letras: Bom Jesus.

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2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. gente onde que tah o Damian numa hora dessas?? eh tanto mistério que eu toh ficando super curiosa....posta posta posta !!

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