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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Holloween capítulo 7



                 Capítulo 7

Um veado assustado apareceu do nada. Pulou na estrada vindo da floresta, exatamente na frente do carro. Ben virou a direção para não atropelar o animal e perdeu o controle do carro que saiu da estrada, entrando vários metros na floresta até bater em uma árvore. O choque atirou todos para a frente, se não estivessem usando o cinto de segurança teriam se machucado.

—Droga! - Eve xingou empurrando o airbag.

—Vocês estão bem? - indagou Ben, olhando para os amigos.

—Sim, o que aconteceu? - Kelly respondeu com uma pergunta.

—Nossa, mano. Eu que bebo e você bate o carro? - Paul foi irônico.

—Um veado apareceu do nada e eu perdi o controle pra não o atropelar. - Ben respondeu meio irritado .

—Dá pra irmos embora? - inqueriu Eveline, bem incomodada com onde estavam, exatamente na floresta de Black Water.

—Tá... vamos, mas antes vou ver em que estado ficou o carro. - anunciou ele já saindo do carro.

—Não, Ben! Vamos embora! - Eve pediu.

—Ai droga! Meu pai vai me matar! - choramingou Ben, ao verificar a frente amassada do carro. Mas não era nada que comprometesse o funcionamento do mesmo.

—Isso porque você dirige mal pra burro! Anda meu, vamos dar o fora daqui! - Paul gritou, não estava gostando muito de tanto escuro ao redor.

—Ah, cala a boca cara! - xingou ele entrando no carro – Já disse que íamos bater naquele veado. Droga mesmo, tá tudo dando errado essa noite!

—Kelly, você conseguiu pegar o endereço pelo menos? - Eve indagou olhando para o banco de trás, mas a amiga estava pálida – Kelly?

—Não peguei o endereço. - ela sussurrou.

—Não pegou? Por quê? - Eve e Paul quase gritaram.

—Inferno! - Ben xingou tentando ligar o carro.

—Ah meu Deus, o que aconteceu? - Eve perguntou alarmada.

—O carro morreu. - Ben respondeu, afundando no banco.

—O quê? - os outros perguntaram em uníssono.

—Ah meu Deus! Ah meu Deus! - Kelly murmurou.

—O que é que deu em você? Por que está em pânico? - Ben perguntou e todos a olhavam.

—Eu quero sair daqui, quero ir embora! - ela gritou.

—Não tem jeito, vamos ter que chamar um reboque – anunciou Ben tirando o celular do bolso – não é possível... - sussurrou ele, olhando para o parelho desligado em sua mão.

—O que foi agora? - Eveline quis saber.

—Está sem bateria, me empresta o seu?

—Claro – respondeu ela, tateando pelos bolsos e descobrindo que não estava com ele – Ah meu Deus, eu esqueci o celular em casa.

—Cara não é possível! - Ben gritou dando um murro no volante – Por que está tudo saindo errado hoje?

—Báh meu... esqueci a droga do meu celular também. Kelly, o único que sobrou foi o seu.

—Claro – respondeu ela procurando pelo celular que tinha caído no chão do veículo na hora da batida, porém ao encontrar o aparelho, não houve alívio – o quê? Mas eu carreguei a bateria hoje!

—Vai me dizer que o seu também não vai servir pra nada? - Ben perguntou incrédulo.

—Mas eu carreguei essa maldita bateria hoje mesmo! Não é possível! -insistiu ela meio apavorada com a coincidência de todos os celulares estarem inúteis.

—Maldição! Agora vamos ter que voltar a pé para a cidade e chamar o resgate. - Paul observou nada feliz.

—Não, não, não... eu não vou sair desse carro! - Kelly avisou.

—Então você vai ficar aí sozinha! Eu vou voltar pra Darkwest Falls e pedir ajuda. - Ben resolveu saindo do carro e Eve e Paul fizeram o mesmo.

—Isso tudo é culpa sua! - Eveline gritou apontando o dedo para Ben – Se não dirigisse tão mal, poderíamos estar quase em St. Matthew agora!

—Eu dirijo mal? Eu dirijo mal? Eu salvei da droga da sua vida, sua idiota!

—Idiota é o seu passado seu imbecil! - ela revidou.

—Chega galera – Paul interveio enquanto Kelly saía com medo do carro – se ficarem aí brigando vamos perder mais tempo. Temos que sair daqui agora mesmo!

—Cadê a estrada? - Kelly interrompeu a discussão deles e todos a olharam, porém sua observação não era absurda. Onde – alguns minutos atrás – era a estrada, haviam apenas árvores e mais árvores envolvidas pela escuridão da floresta.

—Acho que bebi demais. - Paul disse depois de alguns segundos de um silêncio inquietante.

—Ah meu Deus... - Eve ofegou enquanto Kelly caminhava para trás, até ficar ao lado dela.

—Cadê a estrada? Cadê a estrada? Como vamos voltar para casa? - ela dizia com os olhos arregalados.

—Calma, o carro deve ter entrado muito na floresta. Só estamos longe da estrada, vamos até lá. - Paul tentou explicar.

—Estou com medo. - Eve falou.

—Não precisa ter medo, vai dar tudo certo. Agora vamos.

—E se nos perdermos?

—Não vamos nos perder, a estrada está logo ali depois daquelas árvores. Eu sei. - Ben afirmou tomado de uma falsa segurança, nem ele entendia o que estava acontecendo. Ele tinha visto a estrada há dois minutos pelo retrovisor.

—Você não tem umas lanternas aí no carro, Ben? - Paul indagou indo até o porta malas.

—Pra nossa sorte, sim. Meu irmão foi acampar semana passada, a tralha toda que ele usou está aí. - respondeu ele abrindo o compartimento – pega aí.

Disse ele distribuindo as lanternas entre eles. Ben achou melhor levar a mochila do irmão, já que lá tinha uma barraca de acampamento. Ele contava com a hipótese de acabarem perdidos durante a noite, era melhor se prevenir.

—Então vamos, talvez dê tempo de chegarmos na festa da Marissa. - Eveline falou ligando sua lanterna, mas Kelly não se moveu.

—Não há festa alguma. - disse ela fazendo todos estacarem.

—Do que está falando? Você mentiu pra nós, é isso? - Eve pressionou sentindo muita raiva da amiga.

—Não.

—Então por que está dizendo que não tem festa? - Paul indagou se aproximando dela.

—Marissa disse que nunca me ligou... ela está gripada e não vai fazer festa alguma, muito menos em St. Matthew. - respondeu Kelly, com sua respiração começando a falhar.

—Então por que nos disse tudo isso? Por que inventou que ela tinha te ligado e nos convidado pra essa festa? - Eve gritou com mais raiva.

—Você não entende? - foi a vez de Kelly gritar – Alguém me ligou! Alguém nos convidou para uma festa em St. Matthew! Alguém nos queria fora de Darkwest Falls esta noite, não está entendendo? - quando falou isso, todos a olharam amedrontados.

—Do que está falando? - Ben perguntou devagar.

—Isso mesmo... acordei essa manhã com meu celular tocando. Quando atendi alguém perguntou se era eu e disse que era Marissa Miller. Disse que apenas nós quatro estávamos convidados para uma festa em St. Matthew. - relatou Kelly e novamente todos se olharam em silêncio.

—Deve ter sido uma das suas amigas da torcida querendo pregar uma peça em você. - Eve imaginou.

—E como era a voz de quem ligou? - Paul perguntou, engolindo em seco.

—A ligação tinha muitos ruídos, quase não dava ouvir a voz dela.

—Dela? - Eveline repetiu sentindo a boca seca.

—Sim. - Kelly sussurrou em resposta.

—Então... - ela engoliu em seco – deve ter sido isso mesmo, uma brincadeira de mal gosto.

—Claro... - Ben concordou – foi isso mesmo... isso mesmo. Vamos indo gente, quero chegar logo em casa.

—Vamos.

Eve sussurrou e trocando um olhar assustado, começaram a caminhar. Olhando a cada instante para os lados. Não havia som algum, nem grilos nem mesmo o som dos carros que deveriam estar passando pela estrada ali perto. A luz da lua cheia dava contornos fantasmagóricos nas árvores e suas sombras se projetavam compridas e distorcidas pelo chão coberto de folhas secas. O grupo caminhou em silêncio por muitos minutos, ninguém comentou o fato de que pela distância que o carro havia percorrido e pelo tanto que haviam andado, já deveriam ter alcançado a estrada. Mas a floresta parecia igual, é o único som eram as folhas secas sendo esmagadas por seus passos. Até que o inacreditável aconteceu; bem ali, alguns metros a frente deles estava o carro.

—Oh meu Deus! - Kelly sussurrou.

—Voltamos. - Ben concluiu, olhando para o carro que estava parado exatamente no mesmo lugar.

—Droga! Não acredito que andamos em círculo! Inferno! - Paul xingou, chutando as folhas do chão.

—Não! Nós andamos em linha reta, eu tenho um bom senso de direção. -Ben insistiu.

—Andamos em linha reta até chegar no carro de novo? - Kelly murmurou.

—Devemos ter nos enganado e voltamos, só isso. - Disse Eveline.

—O que vamos fazer?

—Como assim, o que vamos fazer? - Ben olhou para Kelly – Vamos tentar encontrar o caminho pra sair dessa maldita floresta, é isso o que vamos fazer!

Falando assim, ele começou a se afastar e sem ter o que fazer ou responder, os outros o seguiram silêncio. Kelly e Eve andavam de braços dados, pois estava muito frio. Caminharam outra vez por vários e vários minutos.

—Que horas são? - Paul perguntou e Eveline olhou seu relógio de pulso.

—Meia noite. - ela respondeu, sentindo um frio no estômago.

—Já é Halloween... - Kelly observou e no mesmo instante, uma nuvem negra passou na frente da lua ocultando sua luz e a escuridão foi total.

—Maravilha! É Halloween e nós aqui perdidos no meio dessa floresta! - Ben indignou-se.

—Não estamos perdidos. - Eve afirmou.

—Ah é? Então me diga exatamente onde estamos, qual a direção correta para sairmos daqui! - ele se irritou e Eve apontou a lanterna no rosto dela.

—Não grite comigo! Estamos presos aqui por sua culpa!

—Se você dizer isso outra vez eu juro que eu vou...

—Vai fazer o quê? Vai me matar como fez com a Cindy? - ela o desafiou e a expressão dele se transfigurou pela raiva.

—Você também participou da morte dela! Todos nós a matamos! Alguém aqui sabe com qual dos empurrões que demos nela, ela caiu? Somos todos assassinos e então cale a sua boca antes que eu inclua mais uma na minha lista!

Ao fim da explosão de raiva de Ben, todos o olharam assutados. Pareciam não acreditar nas coisas que ele havia proferido. Ben percebeu pela expressão da namorada e dos amigos que tinha ido longe demais. Caminhou alguns passos para a frente, coçou a cabeça e então se voltou a eles.

—Desculpem, estou nervoso com essa situação e acabei exagerando.

—Não ouse falar em morte aqui, Ben. Não ouse. - Kelly apontou para o amigo e todos ficaram em silêncio, foi quando Paul olhou assustado para o que estava atrás dos três amigos.

—O carro. - ele sussurrou incrédulo diante da visão do carro parado exatamente no mesmo lugar que há uma hora trás quando eles o deixaram.

—Ah meu Deus... estamos mesmo perdidos aqui. - Eve constatou, levando as duas mãos à cabeça.

—Isso... isso não é possível! Como foi que voltamos outra vez para o mesmo lugar? Mas que droga é essa? - Paul gritou para o alto como se estivesse falando com outro alguém.

—Ai cara... o que está acontecendo? - Ben desesperou-se, imitando o gesto da namorada, levando as mãos à cabeça. Kelly suspirou deixando os ombros caírem.

—Só tem um jeito, esperarmos amanhecer e aí ficará mais fácil de encontrarmos o caminho. - ela disse.

—Quer dizer... passarmos a noite aqui na floresta? - a ideia pareceu assustar Eve.

—Tem uma ideia melhor? - Paul inqueriu.

—Tenho. Caminhar até chegar em casa! Se quiserem ficar aqui o problema é de vocês. Eu vou embora. - resolveu ela caminhando a passos largos e rápidos.

—Eve espera!

—Não pode se separar da gente.

—Eve!

Os três gritaram indo atrás dela que já tinha se adiantado muitos metros de onde estavam. Quando finalmente conseguiram alcançá-la, foi bem que segurou seu braço.

—Você está pretendendo... - ele foi interrompido pelo som do alarme do carro que disparava como se alguém tivesse o desativado com a chave. Todos se olharam assombrados e Ben tirou a chave do bolso, levantando-a no ar.

—O que foi isso? - Paul indagou.

—Meu carro! - Ben gritou e correu de volta para onde o carro estava, mas quando chegou lá, o carro havia desaparecido. - Não acredito que roubaram meu carro! Droga, droga, droga! Como eu não desconfiei? Ladrões! Caímos numa armadilha! - ele berrava.

—Shhh, fica quieto – Eve recomendou, segurando o casaco dele – Se tem mesmo ladrões por aqui pode ser perigoso para nós. - ela sussurrou.

—Mas... eu não ouvi o barulho do carro se movendo. - Paul observou e Kelly direcionou o facho de luz da lanterna para onde o carro estava.

—Não tem marcas dos pneus. - disse ela, reparando que as únicas marcas eram as que o carro tinha feito ao sair da estrada. Mas elas não ajudariam muito para que saíssem dali, pois apenas poucos metros antes do carro é que existiam.

—Não acredito...

Eve falou, deixando-se cair sentada no chão. Kelly, que já se sentia exausta de tando caminhar, imitou-a ao se sentar ao lado dela ao pé de uma árvore. Sem muito mais o que fazer e muito o que pensar, Paul e Ben fizeram o mesmo. Por mais de uma hora, eles apenas ficaram ali sentados e sem falar nada. Kelly sentia-se arrependida de ter brigado com seus pais e seu irmãozinho, Tudo que ela queria naquele momento era estar em casa com eles. Matt àquela hora já devia ter comido quase todo o doce que ganhou e pegado no sono no sofá e seu pai o tinha levado para o quarto.

Eve sentia um desejo imenso de estar em sua cama. Sua mãe estava fazendo carne de porco assada quando ela saiu, e como sobremesa teriam uma bela torta de creme com pêssego. Ela daria qualquer coisa para comer aquele jantar e ir dormir na sua cama macia com cheiro de lavanda. Ben, dormia com a cabeça encostada em seu ombro e Paul se levantou.

—Onde você vai? - Kelly indagou com voz cansada e Eve o olhou.

—Esticar um pouco as pernas, não aguento mais ficar agachado. - falou ele juntando do chão uma pedra e a jogando longe na floresta. Seus planos eram de entrar para a equipe de beisebol no ano seguinte. - Sabe de uma coisa? Estamos ferrados. - disse ao jogar mais uma pedra.

—Cala a boca garoto, nós vamos sair daqui. - Eve retrucou, mas Paul não respondeu e continuou com sua brincadeira durante alguns minutos.

—Já amanheceu? - Ben perguntou sem abrir os olhos e então a árvore onde estavam encostados foi atingido por uma pedra atirada de dentro da floresta na direção deles.

—O que é isso? - Kelly perguntou ficando em alerta e de súbito, todas as pedras que Paul havia arremessado voltavam contra eles como se várias pessoas as tivessem atirando.

— Droga! Corram!

Paul gritou e começou a correr, Eve, Ben e Kelly gritaram horrorizados e também se levantaram. Correram pela floresta escura com os fachos de luz de suas lanternas oscilando desconexamente pelo chão. Correram por vários metros, até que as pedras não os atingiam mais e olharam para trás, encontrando apenas o escuro silencioso.

—O que foi isso? - Eveline perguntou ofegante.

—Oh meu Deus!

—Esse lugar é assombrado! - Paul disse de forma descontrolada.

—Não fala isso! - Kelly pediu, tremendo da cabeça aos pés.

—Então como você explica aquilo? - devolveu ele.

—Vamos continuar. - falou Ben ao segurar o braço de Eve e voltaram a correr, mas dessa vez a passos mais pesados que iam ficando cada vez mais lentos.

—Espera, espera, espera... - Paul pediu – acho que já estamos bem longe. Estou cansado, vamos parar um pouco.

—É... acho que agora estamos seguros. - falou Ben, agachando-se e colocando as mãos nos joelhos para respirar melhor.

—Quem fez aquilo, meu Deus? - Kelly indagou com a voz trêmula. O frio estava piorando e o relógio já se aproximava da uma da manhã, a escuridão era imensa.

—Eu quero ir para minha casa. - Eve choramingou cobrindo o rosto com as duas mãos.

—Nos vamos conseguir sair daqui, calma. Quando amanhecer conseguiremos encontrar o caminho, é que no escuro tudo fica mais difícil. - Ben tentou tranquilizá-los.

—De noite todos os gatos são pardos, né? - Paul concordou.

—Meu Deus, vamos ter que passar a noite aqui... - Kelly falou abraçando o próprio corpo.

—Não há razão pra ter medo, só estamos perdidos. - disse Ben.

—Cara, esse é o pior Halloween da minha vida. - afirmou Paul, tirando uma pequena garrafa de bebida do bolso interno do casaco.

—Só você? - Ben maneou a cabeça – Seja como for, é inútil ficarmos caminhando por aí.

—O que tem em mente, então? - Eve perguntou.

—Dormir. - respondeu ele tirando a mochila das costas.

2 comentários:

  1. Oi,Aninha pensei que vc ia nos deixar órfão e já tava ficando desesperada esse cap. assustou muito...bjo

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    1. Pois é menina, fiquei tão estressada com essa história da praga da TIM ter bloqueado meu chip que acabei esquecendo de fazer o post O.o Bem assustador né? Mas acredite amiga, vai ficar bem pior :O Bjus

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