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segunda-feira, 17 de junho de 2013

Holloween - Final

                Capítulo 10

—É claro que vamos, por que está dizendo isso? - Paul estranhou.

—Porque nós vamos morrer. - disse simplesmente e os dois pararam imediatamente.

—O que deu em você, Kelly? - Eve franziu as sobrancelhas.

—Nós matamos a Cindy e agora ela vai se vingar matando a gente. - respondeu parando também e Paul e Eve se olharam apavorados.

—Kelly, isso é uma idiotice... 

Paul falou e do nada, Kelly começou a rir. A princípio risadas baixas mas logo se transformaram em risadas histéricas. Ela agia como se estivesse possuída ou tendo um surto psicótico.

—Kelly, isso não tem graça. Para! - Eve pediu já começando a tremer de cima a baixo.

—Chega disso, o que você está querendo? Nos assustar? - Paul tentou, mas era como se ela não os ouvisse. Ria e gargalhava como se tivesse vendo algo muito engraçado.

—Por favor, Kelly. Para com isso! - Eve pediu, mas não obteve nenhum resultado. Kelly ria e ria escandalosamente. 

—Faz alguma coisa! - Eve pediu apavorada e Paul segurou a outra pelos braços e a sacudiu com força.

—Pare com isso, Kelly! Não tem graça, está ouvindo? Não tem graça!

Mas ela continuou rindo e rindo, não importava o quanto Paul a sacudisse ou Eve implorasse para que parasse. Então, tão subitamente quanto começou a rir, ela gritou. Gritou alto e de forma assombrosa, estava desesperada. Foi com extrema facilidade que se livrou de Paul e saiu em disparada em uma corrida louca na direção oposta de onde queriam ri.

—Kelly para!

—Volta! 

Eve pedia assim como Paul, enquanto os dois corriam atrás dela. Se distanciavam cada vez mais de onde estavam antes e Kelly corria muito rápido na frente deles. Era como se ela estivesse fora de si e não os ouvisse pedindo para que ela não continuasse o que estava fazendo. Ela fez uma curva, passando por uma árvore com um tronco bem grosso, e quando Paul e Eve dobraram a mesma curva, não viram simplesmente nada. Kelly havia desaparecido como se a terra a tivesse engolido. Não havia nenhum vestígio de sua presença ali.

—Kelly! - Eve gritou.

—Kelly! - Paul fez o mesmo enquanto virava em várias direções. Eve então caiu em estado de desespero.

—Ah meu Deus! Ah meu Deus! Kelly! Por favor... - gritava ao cair num choro horrorizado.

—Kelly! - Paul ainda chamava, mas ela havia desaparecido assim como Ben.

—O que vamos fazer? - Eve tremia, enquanto Paul caminhava dando uns passos para trás.

—Vamos embora daqui, agora Eve! 

Disse ele tomado de uma urgência imediata. Segurou no braço de Eve e a puxou numa corrida louca e desesperada. Naquele momento a escuridão denunciava que sobre as nuvens pesadas o sol já tinha se posto. Uma luminosidade estranha de azul e cinza tomava tudo mas não fazia desaparecer a neblina esbranquiçada.

—Rápido Eve, rápido! - ele a apressava, correndo alguns passos à frente dela mas sem soltar seu braço.

—Espere, minha lanterna! 

Os dois pararam e Eve voltou alguns metros para recuperar o objeto que tinha deixado cair. A lanterna era valiosa em meio àquela escuridão, era tudo que tinham. Ela se abaixou rapidamente para pegá-la entre as folhas, mas quando olhou para onde Paul e esperava, seu coração gelou. Ele não estava mais lá. Ela balançou a cabeça em negativa, aquilo não podia estar acontecendo.

—Paaaaaaaaaul! - gritou se entregando ao desespero – Paaaaaul!

Eve gritava e gritava aos prantos, enquanto corria em várias direções. Perdida como um rato num labirinto, ou rodando e rodando numa corrida que não levaria a lugar nenhum. Ela chorava e olhava para todos os lados, até que teve uma resposta.

—Eve! 

Paul gritou de algum lugar da floresta. Ele havia olhado apenas um segundo para a frente e quando se voltou para trás Eve havia sumido. Ou melhor, eles haviam se perdido um do outro. Paul podia ouvir os gritos da amiga por ele, mas era como se ela estivesse do outro lado da floresta; bem longe. Eve o ouvia da mesma maneira.

—Paul! - seu grito denunciando um extremo desespero se fez ouvir.


—Onde você está Eve? - ele gritou começando a ser tomado pelo pavor, ouviu a resposta dela, só que parecia bem mais longe que há trinta segundos.

  —Paul.

Ele começou a correr na direção de onde tinha pensado ouvir a voz dela. Chamava e chamava mas desta veza, não houve resposta. Paul correu por vários minutos, totalmente tomado pelo desespero. Então de repente uma visão horrível e sobrenatural se fez bem na sua frente. Três jovens mulheres com roupas de séculos passados, gritavam horrivelmente amarradas em uma grande árvore que se incendiava. Ele estacou no lugar e arregalou os olhos; eram as bruxas de Darkwest Falls. As três o miravam enquanto gritavam alto:



             
—Culpado!

—Você é culpado!

—Vais morrer assassino, vamos ajudá-la a se vingar!

Então riam escandalosamente enquanto o fogo impiedoso as consumia, devorando a árvore e se espalhando por suas roupas. Paul sentiu seu corpo tremer de cima a baixo e um frio inexplicavelmente mais gelado que o clima correu por sua coluna. Então, ouviu:

—Paul, por que esses dentes tão grandes?

A voz era baixa, arrastada e assustadora. Aquela frase... ele tinha dito aquela frase. Seu corpo foi tomado por tremores violentos e muito devagar e de forma hesitante, ele se virou para encontrar quem falava. E tudo o que fez foi gritar de pavor.

—Ahhhhhhhhhhhhh.

Aquele grito desesperado foi ouvido por Eve que ainda procurava por ele. Ela parou de correr e virou a cabeça para todos os lados.

—Paul!

Gritou de volta mas não ouviu mais nada. Aquele grito havia sido apavorante, horripilante. Algo de muito ruim havia acontecido a ele, e não adiantava quantas vezes, e foram muitas, ela o chamasse. Chorava e corria, ouvindo apenas sua respiração descontrolada e seus próprios gritos.

—Paul...

Repetiu cansada e em voz baixa. Estava exausta, com fome, com sede e apavorada. Sabia que algo horrível e sobrenatural estava acontecendo e que ela era a próxima. Então fisicamente e psicologicamente exausta, sentou ao pé de uma árvore e encolheu os joelhos apoiando a testa neles. Seus cabelos caíram a sua volta formando uma cortina que dava a ela uma falsa sensação de segurança e então; chorou. Chorou copiosamente, soluçando por muitos e muitos minutos. Não tinha coragem de abrir os olhos e levantar a cabeça para olhar ao redor e ver como estava sozinha.

Completamente só naquele lugar amaldiçoado, escuro e frio. Sim, muito frio. A cada minuto que passava ficava mais escuro e mais gelado, como se o clima anunciasse um mau presságio. Por fim, mais de uma hora se passou quando Eve sentiu o pescoço doer pela mesma posição ser mantida por tando tempo. Sentia seus olhos inchados pelo choro intenso que agora tinha cessado. Mas seria melhor ter mantido os olhos fechados, pois nem dois metros à sua frente estava outra vez aquela cestinha preta. Eve prendeu a respiração involuntariamente e seu coração perdeu uma batida. Olhou para os lados, mas não encontrou ninguém.

Mirou novamente o objeto. Estava ali parado e pequeno, não parecia oferecer perigo, era apenas uma cestinha de vime preto. Mas o fato de estar ali, dizia que algo muito ruim estava para acontecer. Eve ligou sua lanterna, mas era estranho, ela não foi tão útil porque a luz cheia brilhava intensamente no céu. As nuvens tinham ido embora mas a neblina continuava ali, ameaçadora. Ela apontou o facho de luz para a cesta e continuou sentada durante muito tempo; procurando coragem para ir até lá. Sua mão tremia enquanto iluminava o objeto misterioso, então decidindo-se, levantou. Seus passos eram lentos e pesados, de forma hesitante e morrendo de medo e pavor, se aproximou. Mas foi a luz da lanterna iluminar seu conteúdo, para seu pavor ser completo.

Dentro dela havia além do par de olhos azuis, duas orelhas e muitos dentes. Todos ensanguentados e horríveis. Eve gritou com tudo que seus pulmões conseguiram, então correu sem saber para onde ou porquê. As lágrimas desciam por seu rosto enquanto gritava e soluçava. Então se viu chegando no tenebroso cemitério antigo, lá uma visão horripilante a esperava. Seus três amigos, Ben; Kelly e Paul parados um ao lado do outro. Eles sangravam onde claramente lhes faltava o que havia na cesta. As pálpebras fundas de Ben deixavam escorrer muito sangue, assim como o que manchava a jaqueta de Kelly e a boca inchada e ensanguentada de Paul. Eve gritou.

—Ela vai pegar você também.

Kelly murmurou de forma estranha e Eve maneou a cabeça e se virou para trás, queria voltar a correr, mas viu alguém. Sim, ela mesma, Cindy Lassier. Parada bem atrás de Eve, seus tenebrosos olhos estavam brancos e sua capa assim como seu vestido preto estavam sujos e rasgados. Sua pele era azulada e a expressão; morta. Eveline gritou com todo o pavor que jamais imaginou sentir e sua lanterna caiu no chão. Como diz a tradição; no Halloween todas as criaturas sobrenaturais estão livres sobre a terra para fazerem o que desejarem. Cindy voltou do mundo dos mortos e teve sua vingança e assim quando o relógio bateu meia noite; se acabou o Halloween em Darkwest Falls.

                                                                 †

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