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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Capítulo 4 - última parte



Ao chegar no quarto, disparei para o banheiro. O susto era esperado ao encarar minha aparência no espelho. Olhos vermelhos, olheiras, cabelos bagunçados... resumindo; eu poderia gravar um remake do Thriller do Michael Jackson, sem necessidade de maquiagem pra parecer um zumbi! Lavei o rosto várias vezes e depois apliquei um pouco de corretivo para esconder as olheiras. Fiz um rabo de cavalo nos cabelos e voltei para o quarto. Substituí minha calça jeans por um shortinho também jeans e desci.

— Estou pronta. - anunciei quando cheguei na porta onde ele me esperava. Neitan me olhou de cima a baixo e depois pigarreou.

— Nossa... você está... demais. - elogiou ele me deixando sem jeito outra vez. Eu achava que estava um horror e ele dizia que eu estava demais?

— Obrigada.

Agradeci olhando para baixo um instante, e depois fui em direção ao carro dele com o mesmo ao meu lado. Poucos minutos depois a Land estacionava no parque Marinha, bem ao lado de onde estava montado o parque Tupã. O sol já havia se posto sobre o Guaíba tingindo o horizonte com um laranja brilhante, as luzes da cidade já começavam a acender, assim com as do parque que estava completamente iluminado. Quando desci do carro, fui atingida pelo calor agradável do fim de uma tarde de verão, misturado com o cheiro do combustível dos carros que passavam ao lado na avenida Praia de Belas. 

— Ai que lindo! - exclamei quando caminhávamos em direção à entrada.

— Vai me dizer que nunca veio aqui? - descreu ele ao meu lado.

— Hum... - hesitei – não. - falei, rindo e ele maneou a cabeça.

— Mas você mora aqui perto! O que você tem contra a se divertir, Nia?

— Não... nada, é que estou quase sempre ocupada então não me sobra tempo e... como descobriu meu apelido vergonhoso? - cobrei e ele riu.

— Sua prima... vai me matar agora? - brincou ele relembrando a conversa que tivemos no mês passado quando estive no haras da família dele.

— Não, se prometer não me chamar mais assim. - condicionei e ele sacudiu a cabeça.

— Mas tem um problema.

— Qual?

— Adoro chamar você assim! - disse ele piscando para mim enquanto pagava minha entrada no parque.

— Hã?! - me surpreendi enquanto ganhava uma pulseirinha de papel verde com o nome do parque nela, o que me garantia andar em todos os brinquedos. 

— É isso aí... - disse encolhendo os ombros e eu abri a boca.

— Então se é assim, também vou te chamar pelo apelido que eu sei que não gosta. Tudo bem, Neit? - provoquei com um sorriso sagaz e Neitan piscou para mim. 

— Feito! - ele concordou e eu revirei os olhos.

— Onde estão os outros? - indaguei olhando ao redor, tinha muitas pessoas indo e vindo e risos e gritos vindos dos brinquedos mais radicais.

— Hum... - ele olhou ao redor – ali. - Neitan apontou para um brinquedo que parecia um pandeiro gigante que balançava e girava. No qual estavam os três.

— Ah sim... 

— Quer um algodão doce? - ele perguntou e sem me dar dar chance de responder, foi até o carrinho e voltou com um grande algodão doce e rosa. - garanto que faz muito tempo que você não prova um desses? - Neit conjecturou entregando-o a mim.

— Na verdade... é você acertou. Obrigada, Neit... - agradeci ganhando um sorriso mais doce do que aquele algodão devia estar.

“ Céus! De onde esse homem surgiu? ”

Pensei colocando um pedaço do algodão na boca, para tentar disfarçar o que a gentileza de Neit estava provocando em mim. Que no caso era, ver que ele tinha condições para ser mais que um amigo. 

“ Talvez se o tivesse conhecido antes de Damian, pudéssemos... ”

— Ah Lavígnia!!! Você veio! - Mariana surgiu entre as pessoas com um mega sorriso interrompendo o pensamento sem noção... ainda bem. 

— O Neitan conseguiu me convencer. - falei ,dando de ombros.

— Báh, que tri que tu veio, gata – Léo apareceu mais que todo mundo, como sempre – sem você parece que essa é uma equipe incompleta! 

— É mesmo. - as meninas concordaram. 

— Não exagera... - pedi enquanto ele olhava fixamente para um brinquedo que proporcionava uma queda livre para quem se encorajasse a ir. 

— Cara! Que shoooooow essa torre! Vamos lá galera?

— Ai eu quero! - prontificou-se Mariana.

— Tô nessa... quero emoções fortes hoje! - animou-se Lídia.

Mas no meu caso, não achei muito interessante não. Pareciam emoções fortes demais para o meu gosto.

— Ei aí? Vamos? - Neit perguntou mas não tive tempo de dizer um redondo “não” pois Lídia e Mariana me arrastaram até o brinquedo.

— Ah não... não superei inteiramente meu medo de altura gente! - eu disse rindo – mas nervosa – na fila do brinquedo.

— Aqui é o lugar pra terminar de superar, vamos nessa! - animou-se Léo sendo o primeiro a sentar numa das cadeiras, que nos levaria a uns dez metros de altura e depois cairia em queda livre, só parando de desacelerar perto do chão.

Senti um frio no estômago quando o brinquedo subiu e pior ainda quando desceu. Mas tenho que admitir que fazia tempo que não me sentia tão leve. O passeio no parque, realmente tinha servido como uma válvula de escape para as tensões dos últimos dias. Nos momentos seguintes, fui arrastada com eles para quase todos os brinquedos do parque. Porém ao chegar na atração mais radical do parque, o Kami-kase, me recusei terminantemente a ir. 

— Isso é só para os fortes! - exibiu-se ele quando foi o único da turma a entrar na fila.

— Chega de emoções fortes por hoje... - comentou Mariana – quero ir no trem fantasma!

Disse ela nos fazendo rir.

— Garanto que tem muitas emoções lá dentro. - observei.

— Vamos? - ela convidou e eu neguei.

— Prefiro algo mais calmo agora... tipo a roda gigante. - apontei para a estrutura grandiosa e iluminada.

— Hum... a vista deve ser linda lá de cima – imaginou Lídia – vou com vocês!

— Ah... eu vou sozinha no tem fantasma? - reclamou minha prima.

— Não. Você vem com a gente! - resolveu Lídia arrastando na direção do brinquedo.

— Vamos? - convidei e Neit torceu o nariz.

— Mas... roda gigante? Isso não é coisa de criança?

— Que besteira! É claro que não, vem... - dei uma de Lídia e segurei a mão dele, o puxando comigo na direção da roda gigante.

— Lavígnia olha... - ele tentou argumentar quando chegou a nossa vez de entrar no brinquedo. As garotas tinha pego o banco da frente, então ele e eu iríamos nos sentar juntos.

— Han-han... não vai escapar! - decretei sentando no banco que se movia e o puxei fazendo-o sentar-se ao meu lado – vai me dizer que tem medo de altura? - provoquei enquanto puxávamos o ferro que servia como trava de segurança.

— Lógico que não! - discordou ele – só acho isso meio... infantil.

— Ai nada a ver! É muito... romântico, eu acho. - falei, olhando para baixo enquanto a roda começava a girar e me arrependi imediatamente.

— Você acha? - interessou-se ele.

— Hum... - pigarrei – claro! Nunca viu naqueles comerciais de bombom, quando o rapaz paga o guarda do parque ligar a roda a noite para que ele e a namorada possam andar?

— Pois é... eu já vi sim.

— Puxa! Olha que lindo! - apontei para o Guaíba imenso ao nosso lado. A vista era espetacular, dava para ver a avenida Beira Rio à nossa direita, a avenida Praia de Belas à esquerda e o estádio do Internacional assim como o Gigantinho à nossa frente.

— É mesmo... Porto Alegre é uma cidade maravilhosa. - ele elogiou e me lembrei de uma coisa.

— Com certeza... mas, é verdade que você e os outros vão voltar pra BJ amanhã?

— Ah... sim, é verdade. Já resolvi uns lances que tinha por aqui então... é hora de voltar pra casa. - ele confirmou com um meio sorriso.

— Que pena... - fui um pouco sincera demais.

— Pena? Por quê? - Neitan me pressionou.

— Bem... - relutei – porque vou sentir a falta de vocês. - confessei e nossos olhos se encontraram, ninguém falou nada por alguns segundos.

— Também vou sentir a sua... - ele disse finalmente.

— Mariana, principalmente. Ela gosta demais de vocês. - desconversei.

— A amizade deles é muito forte... ou melhor, nossa. 

— É mesmo... sinto que tenham que ir embora. - confidenciei dando de ombros.

— Por que não vai pra BJ também?

Neitan propôs e eu ri. Minha resposta foi interrompida quando a roda gigante parou – como de praxe – e nosso banco ficou no topo. No lugar mais privilegiado.

— Do jeito que as coisas estão, já estou começando a considerar essa hipótese. - falei me segurando, pois o banco balançava para frente e para trás.

— O trabalho ainda está te sobrecarregando?

— Sobrecarregando é brincadeira! Sei lá... - oscilei enquanto olhava para a imensidão de águas escuras do Guaíba, refletindo a lua quase cheia, ao nosso lado – às vezes sinto como se aqui não fosse o meu lugar. Como se eu devesse estar...

— Onde as respostas estão. - completou ele, me surpreendendo.

— Exatamente. Como sabe?

— Sei porque já passei por isso, Nia. Você sente que tem algo mudando dentro de você, mas não sabe o que é. - ele disse acertando de novo.

— Isso é assustador. - sussurrei.

— Suas perguntas?

— Não. O fato de sermos tão parecidos, como você sempre parece me entender. - apontei e outra vez nos prendemos nos olhos um do outro.

— Não é assustador... é de se esperar. - ele quebrou o silêncio.

— De se esperar? - repeti confusa e ele suspirou olhando para frente. - Por que, Neitan? - insisti perante seu silêncio.

— É complicado de explicar agora... - disse ele enigmático, o que só me deixou mais interessada e curiosa.

— O que é complicado? Neitan do que você está falando? - pressionei e então a roda voltou a girar.

— Que você está passando por uma fase que eu já passei... só isso. - concluiu ele de um jeito que mostrava claramente que não queria mais continuar o assunto. 

— Hum... duvido. - murmurei lembrando dos sonhos e pesadelos que andava tendo.

— Ah... esqueça isso – ele disse pulando pra fora do banco quando o mesmo parou para descermos - vamos nos divertir agora.

Sugeriu e eu saí do banco indo com ele na direção das garotas que nos esperavam um pouco mais a frente. Léo já tinha saído do brinquedo e estava tão descabelado que parecia ter dado umas voltas num tornado. Mas estava com um largo sorriso de satisfação.

— Você tá com cara de quem bebeu todas, Léo! - apontou Mariana rindo da cara dele.

— Cara... esse Kami-kase é mais potente que uma garrafa de wisky! - brincou ele e todo mundo riu – olha lá! Quero jogar.

Ele apontou indo na direção de onde estavam mesas de jogos e barracas de arremessos de argolas e tudo mais que os parques devem ter.

— Acabo com você no fliperama! - provocou Mariana.

— Duvido!

— Então vem e chore! - continuou ela e os dois se afastaram na direção dos jogos de mesa.

— Ai que lindos! - Lídia apontou para os bichos de pelúcia que eram prêmio para quem derrubasse a pirâmide de garrafas – Vou jogar, vamos gente.

— Vamos, quero ver se você é boa de pontaria. - brincou Neit colocando a mão nas minhas costas e me empurrando pra barraca onde Lídia mirava a pirâmide de garrafas de plástico amarelo.

— Sou péssima! - falei assim que chegamos. Lídia errou o primeiro arremesso.

— Ah... droga! - ela choramingou.

— Você tem que acertar o meio dela, maninha. - recomendou Neit à irmã que pareceu se concentrar.

— Ok... - concordou ela e mirou as garrafas por alguns segundos. Então com um arremesso certeiro, ela derrubou todas as garrafas – Ahhhhhh... consegui! - exultou ela pegando um macaquinho de pelúcia como prêmio – sua vez, Lavígnia.

— Hum... - duvidei um instante – vou tentar.

— Derrube a base e todas elas vão cair. - Neitan me recomendou enquanto a mulher da barraca me entregava três bolinhas.

— Vou tentar. - falei me concentrando ao máximo e arremessei a bolinha que passou longe do alvo. 

— Acerte o meio, Nia. - Lídia entrou na onda de me chamar daquele apelido idiota, mas eu não liguei.

— Humpf! - resmunguei aborrecida – sou péssima nisso.

O segundo arremesso foi melhor pois, derrubou duas garrafas da parte de cima e o terceiro passou raspando nas garrafas, mas não derrubou nem uma.

— Não foi tão ruim assim... - Neit tentou me consolar quando errei o terceiro arremesso. - agora é a minha vez.

Ele anunciou pegando uma bolinha. Com apenas um arremesso, Neitan derrubou todas as garrafas, me deixando de boca aberta.

— Nossa! Belo arremesso. - elogiei vendo que Neitan olhava despreocupadamente

para os bichinhos de pelúcia.

— Eu disse... o segredo é acertar no meio ou na base. - relembrou ele pegando como prêmio um ursinho marrom e sorridente, que segurava um coração vermelho. Pensei que provavelmente ele daria à irmã ou levaria para a tia, ou na mais improvável das hipóteses daria para Mariana. Mas me enganei. - Pra você.

— Hã?! - duvidei quando ele me estendeu o bichinho fofo, Neit deu um meio sorriso.

— É o seu prêmio por ter aceitado vir ao parque conosco.

— Sério? - oscilei e ele fez que sim – obrigada então.

Agradeci enquanto abraçava o ursinho. Como o parque fecha às dez horas da noite, ficamos lá até esse horário. Acabei ganhando de Léo e Mariana no fliperama. Porém, jogamos outros jogos e andamos em mais alguns brinquedos antes de sair do parque.

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4 comentários:

  1. Oi Aninha,eu li esse cap. por mais interessante que esse Neit seja eu prefiro o Damian,a Lavignia ficará com ele né?Eu li um livro em que o vampirão,protegeu a mocinha de todas as formas ele deu a sua"vida" por assim dizer pra que nada acontecesse com ela e ela ficar com outro eu fiquei desanimada com o final.

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    1. Oi Marcinha ^.^ kkkkkkkkkkkkkkk pessoalmente eu gosto mais do Neitan mesmo, é que como a "mamãe" de todos, eu sei quem o bonitão do Damian é de verdade =O Só vou dar uma dica da história pra vc: vampiros bonzinhos não existem viu? Olha eu contando tudo! Falo demais =P kkkkkkkkkkkkkk Bjo bjo

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  2. sem net..quase enlouqueço de curiosidade....gente ki chame tem o neitan hen?? com serias duvidas,toh achando ki Nia deveria ficar c ele kkkkkk

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    1. Oi Scar! Ahhhhhhhhh ta sem net? =( #tristeaqui Pois é né? O Neit é cheio do charme, acho que a Lavígnia não vai conseguir resistir! Beijos

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