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terça-feira, 2 de abril de 2013

capítulo 3 - 3ª parte


— Você é maluca! - falei, maneando a cabeça.

— Como assim? Você não deixaria?

— Claro que não! Que loucura... vampiros não existem. - proferi desmentindo uma verdade.

— E quem está falando que eu não deixaria o Ian Somerhalder me morder? - Indagou Mariana cheia das segundas intenções com o ator – muito gato – que dá vida ao vampiro e os garotos tossiram.

— Esse negócio de vampiros tá na moda agora. Devem ter uns mil filmes sobre isso. - Lídia disse colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.


— Nossa... e eu adoro! - animou-se Mariana.

— E você Lavígnia? Curte essas coisas? - Neitan perguntou e não pude deixar de notar uma entonação estranha em sua voz, assim como seus olhos que pareciam querer tirar algo a mais de minha futura resposta.

— Sim... você não? - devolvi.

— Odeio vampiros. - ele respondeu taciturno e eu pisquei.

— Como pode odiar o que não existe? - Mariana interessou-se e ele deu de ombros.

— Odeio essas lendas e filmes e livros, que pelo que eu saiba, existem. - ele respondeu dando um olhar enviesado pra ela.

— Ponto pro Neitan! - anunciei e Mariana revirou os olhos.

— Ai... que seja! Olha Lavígnia, não é o seu namorado? Hiper gato, diga-se de passagem.

Ela apontou para a moto prateada parada ao meio fio perto do nosso portão, assim que viramos a curva para nossa quadra. Damian estava encostado nela – e parecia meio mal–humorado – os braços estavam cruzados sobre o peito, de quebra lançou um olhar bem estranho em nós.

— É ele mesmo. - murmurei quando chegamos na extremidade do portão.

— Oi Damian! - Mariana acenou dando um sorriso meio exagerado pro meu gosto. Damian fez um leve movimento com a cabeça como resposta.

— Encontro vocês lá dentro. - falei, indo na direção dele.

— Tudo bem.

Ouvi minha prima dizer antes da tropa entrar, mas peguei um olhar fulminante de Damian em uma certa direção e me virei para encontrar um olhar assassino de Neitan para meu namorado, e logo depois ele sumiu pelo portão.

— Mas que droga! - ralhei ao me aproximar – Qual o problema de vocês dois afinal?

— Eu já te disse que não gosto desse cara e muito menos quando está perto de você. - Respondeu Damian mal-humorado franzindo tanto as sobrancelhas que uma ruguinha se formou entre elas, o que o deixava muito charmoso.

— Deixa de ser marrento, ele é meu amigo e só. Entendeu?

— Vamos dar uma volta. - disse ele sem responder minha pergunta e subiu na moto.

— O que aconteceu hoje pra você estar tão bem humorado? - alfinetei subindo na moto e o abracei.

— Hum...

Foi a resposta mal criada dele. E eu quase me desequilibrei quando ele acelerou a moto a uma velocidade absurda, fez a curva e disparou condomínio afora. Escondi meu rosto atrás do ombro dele, enquanto o vento soprava meus cabelos para trás. Respirei fundo sentindo o cheiro gostoso em sua camiseta mas... algo estranho aconteceu. O cheiro me nauseou e meu estômago se revirou, tive dificuldades para engolir a náusea. Pensei que talvez fossem as duas casquinhas de chocolate que eu tomei no shopping. Poucos minutos depois a moto parou e finalmente pude erguer o rosto. Estávamos na prainha do Ipanema. Dei graças quando pulei pra fora da moto.

— Qual o seu problema, Damian? - quase gritei.

— O que foi? - ele deu de ombros com cara de inocente.

— Não pode dirigir dentro do limite de velocidade pelo menos uma vez na vida?

Ralhei me virando para a água que começava depois do calçadão e uma larga faixa de areia, ouvi sua risada baixa.

— Já deveria estar acostumada...

— Hum... - devolvi a respostinha dele de mais cedo e caminhei até a areia.

Olhei para as águas escuras que quebravam em pequenas ondas brancas sobre a areia molhada. As luzes do outro lado do Guaíba estavam acesas e a cor que predominava era o dourado que se misturava a algumas brancas. Caminhei pela areia ainda quente pela ação do sol, até parar onde começava a ser beijada pelas ondas. Eu precisava ter cuidado com o que pensava enquanto estivesse com Damian, eu não poderia trazer à memória as coisas estranhas que tinham acontecido desde que voltei do Amazonas. Depois de alguns minutos olhando para as águas – a fim de controlar meus pensamentos – me voltei para ele que me olhava de um jeito confuso.

— Está tudo bem com você? - Damian perguntou quando cheguei no calçadão. Eu não respondi de imediato, apenas parei para tirar areia da minha sandália rasteirinha.

— Sim, então... por que me trouxe aqui? - indaguei tomada de uma emoção estranha, parecia... raiva. Damian mostrou-se um tanto surpreso enquanto eu parava em frente a ele cruzando os braços.

— Quero passar um tempo com a minha namorada... isso não é um motivo?

Ele disse me dando um olhar tão repreensivo que me desarmou um momento.

— Bem é que... esse não me parece 'apenas um passeio'.

— Talvez se tivesse atendido seu celular em uma das quatro vezes que te liguei, não ficasse tão surpresa. - disse no mesmo tom repreensivo que seus olhos me passavam e só então me dei conta que não estava com meu celular.

— Nossa... nem sei porque ainda tenho celular. Sempre me esqueço dele.

— Quase sempre quando está com seus amigos, não é? - cobrou Damian enquanto eu me encostava ao lado dele na moto.

— O quê?! Damian, eu não acredito que está fazendo caso com minhas amizades! O que está dando em você? - esganicei vendo a expressão mal-humorada dele piorar.

— Morro de ciúmes de você. - murmurou ele sem me olhar e eu me senti derreter um pouquinho.

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