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domingo, 17 de fevereiro de 2013

Capítulo 1 - 6ª parte



— Droga!

— O quê?! - Estranhou Ágatha me olhando com uma sobrancelha erguida.

— Hã... é... nada não, esquece. - Desconversei enquanto ela cruzava os braços e fechava a cara. O que claramente significava que entendia que algo tinha acontecido, e que com certeza, queria uma explicação.

— Ah é mesmo? E desde quando você simplesmente sai xingando por aí sem motivos aparentes?

— Ágatha, é sério. Não foi nada mesmo, agora podemos ir?


Perguntei começando a descer um dos lances de escada. Meu olhar varria a rua à procura dele. Só tinha uma explicação para aquilo. Ele conhecia minha família! Mas como? Ou era um vampiro ou um Caçador. Como aquilo era possível? Em qualquer lugar do planeta que eu fosse, os mistérios iriam atrás?

— Sabe que não acreditei numa palavra sequer do que me disse, não é?

Disse-me Ágatha enquanto entrávamos no carro. Como escapar daquilo?

— Não sei do que está falando. - Retruquei.

— Que você está me escondendo alguma coisa, Lavígnia. Odeio isso, não há segredos entre nós lembra? - Cobrou ela enquanto dirigia.

Alguns segundos de silêncio se passaram, enquanto eu buscava uma resposta.

— Por que está tão interessada? Eu já disse, não foi nada Ágatha.

— Sei lá, é que você com aquela sua história de coisas sobrenaturais e essas coisas... - Disse ela e eu deixei o queixo cair, literalmente.

— Não acredito que você está me lembrando disso...

— É claro que não! Não estou falando sobre a Caroline, de forma alguma. Não sou um monstro, é que ainda fico preocupada com o que você pode estar passando... ou vendo.

— Está me chamando de louca outra vez? - Indaguei meio irritada e ela respirou fundo enquanto mirava a rua à nossa frente. Parecia pensativa.

— Não... só que, pensando bem... ah esquece. - Desistiu ela e eu balancei a cabeça.

— Certo, agora quem está sendo estranha é você! O que quer dizer com isso? - Pressionei.

— Nada, esquece. - Disse ela, mas mesmo assim eu fiquei desconfiada com as suas palavras.

O que havia de errado com ela afinal? Por que havia tocado naquele assunto outra vez? Me perguntei o que podia estar acontecendo com ela. Será que ela sabia de algo? Ah, que ridículo. É claro que não. Ninguém sabia, ninguém podia saber. Exceto é claro... ele. Quem seria aquele homem? Por que tinha dito aquilo e o que ele podia saber?

No dia seguinte, foi mais normal. Ágatha não voltou a tocar naquele assunto outra vez. Ela me levou para conhecer a ONG ambiental onde estagiava e eu tive a oportunidade de ver de perto vários animais. Ficamos por lá mais ou menos até a hora o meu voo pra São Paulo. Depois eu faria uma conexão até Porto Alegre, o que levaria umas sete ou oito horas.

— Visita desse jeito não vale. - Disse minha irmã com um biquinho enquanto esperávamos no belo aeroporto de Manaus.

— Meu tempo anda bem disputado, você sabe. - Lembrei-a.

— É claro, mas você tem que voltar.

— E se fosse o contrário? Mariana ainda está chateada por não ter aparecido na festa dela. Tem que ir para Porto Alegre também! - Falei, colocando minha mochila no ombro. Meu voo já fizera a segunda chamada.

— Foi muito bom ver você, mas ainda estou com saudades. - Minha irmã disse antes de me abraçar.

— Eu também... precisamos morar mais perto uma da outra. - Propus com um risinho.

— Hum... uma no sul e outra no norte não está dando certo né?


Han-han. - Balancei a cabeça - É melhor eu ir, já chamaram duas vezes.

— É verdade, até a próxima. - Ela disse com um sorriso embargado.

— Até lá.

Falei antes de dar um beijo nela e ir em direção ao embarque. A esperança do reencontro, é o conforto da despedida. Essas palavras soaram em minha mente quando já do outro lado do vidro, acenei para minha irmã. Com um suspiro, fui em direção da aeronave. A viagem de volta foi tão cansativa quanto a da ida. Quando levantei da minha poltrona, depois da aterrizagem em solo gaúcho, estava com minhas pernas quase dormentes.

Equilibrei minha mochila no ombro e desci pela escada de metal. A noite já havia caído e o aeroporto estava todo iluminado. As luzes brancas refletiam no piso brilhante do saguão, e pessoas andavam de lá para cá arrastando suas malas de rodinhas.

— Oh, minha nossa você viu aquilo?

— Vi mas não consigo acreditar! Que homem mais lindo.

Comentaram duas jovens e ouvi quando passaram por mim em direção ao embarque. Dei uma olhada ao redor, e descobri que a cada dez mulheres daquele lugar, oito olhavam numa certa direção. Segui os olhares e encontrei o motivo da distração delas encostado num dos pilares brancos. Lindo como sempre, todo de preto e de braços cruzados. Meu amor vampiro monopolizava as atenções femininas.

Eu sorri quando nossos olhos se encontraram. É claro que ele já devia estar de olho em mim desde o primeiro momento que coloquei um pé no saguão. Damian se afastou do pilastre quando eu já estava perto. Foi engraçado quando uma mulher - de seus quarenta anos - passou por nós dando uma bela encarada nele acompanhada de um suspiro nada discreto. Damian olhou para ela por uma fração de segundo e logo olhou para mim de volta.

— Arrasando os corações, senhor Moreton? - Brinquei.

— Mas desejo conquistar apenas o seu, senhorita Durani.

Damian disse enlaçando minha cintura e me prendendo com força contra seu corpo.

— Ele é todo seu. - Falei antes de ter meus lábios arrebatados pelos dele em um beijo digno das telas de Hollywood.

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